Eu

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O iceberg tem como propriedade a sua parte acima da superfície representa apenas 20% de seu tamanho total. Os restantes 80% ficam submersos. Por analogia, 20% do que sabemos sobre nós, está no nosso consciente e os 80% que não sabemos sobre nós, estão no nosso inconsciente.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Julgamentos!


JULGAMENTOS!
Por Silvio Farranha Filho – psicanalista

«Não julgueis e não sereis julgados... » Jesus (Lucas 6,37)
«Não é o que entra pela boca que contamina o homem,
 mas o que sai da boca, porque procede do coração» Jesus (Mateus 15; 18-19 )

Examinando estes dois ensinamentos deste Supremo Avatar à luz do processo de Projeção de Sombra, encontraremos coisas bem interessantes.

A Física nos diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo no mesmo espaço. Para compreender o que uma pessoa está falando seria preciso entrarmos dentro dela, ver o que ela vê e sentir o que ela sente, para falarmos o que ela está falando. Se pudéssemos fazer isso, nós seríamos ela e não nós mesmos.

Só podemos compreender o outro a partir de nós próprios, do nosso ponto-de-vista, da nossa perspectiva. Isto quer dizer que somete interpretamos o outro.

Eis o que acontece. Ocorre um fato. Ao olharmos o fato interpretamos e damos a resposta ao fato com um juízo de valor acrescido de nosso conteúdo interno.

O processo é simples. O nosso olhar, assim como os demais órgãos dos sentidos captam a informação. A informação é transportada para o nosso sistema corpo-mente. A informação passa pelo crivo da nossa história de vida, pelas nossas crenças e valores e dispara os gatilhos de nossas experiências em relação ao fato. Isto resulta num sentimento o qual será associado à nossa interpretação. Somos escravos deste sentimento gerado. Ao darmos uma resposta ao fato colocamos algo a mais de nós, (que é o sentimento gerado) que entrará no outro como mensagem subliminar.

Na interação com o outro não estamos ouvindo exatamente o que o outro está dizendo, estamos ouvindo conforme os nossos ouvidos pois cada palavra que ouvimos dispara os gatilhos das coisas que estão em nosso íntimo. Quanto mais ouvimos, mais estamos perturbados com as nossas coisas.

O problema fica agravado porque não entramos em contato real com o outro, nós nos relacionamos com o outro a partir de nossas interpretações. Aquilo que vemos no outro, não pertence ao outro, e sim, exclusivamente a nós. Em outras palavras projetamos. Tudo na vida é relacionamento e todo relacionamento é projeção e toda projeção é JULGAMENTO!

Assim, estamos julgando quando:
-analisamos, comparamos, falamos de algo e/ou comentamos um fato.
-emitimos uma opinião.
-quando criticamos, censuramos e/ou emitimos juízo de valor.

Tudo que sai de nós é julgamento, abrimos a boca e... já estamos julgando!
Julgamos com extrema rapidez de acordo com a nossa “verdade”. Esta “verdade” é a nossa Sombra (coisas recalcadas, reprimidas, negadas, que escondemos dos outros por medo e vergonha). Somos julgadores e por tabela... também somos julgados!

Um pequeno exemplo. A frase “O que os políticos só sabem fazer é roubar”!
Ao dizer isto aquele algo que tanto incomoda o emissor é justamente o roubo, mas que ele esconde de si mesmo e dos outros. 

Para sair deste tipo de projeção basta completar a frase: “Os que políticos só sabem fazer é roubar... assim como eu... como eu faço... etc.”. O outro  reflete quem somos.

Para sairmos das projeções e termos uma troca mais honesta e saudável podemos fazer o seguinte: Ao ouvirmos, perguntar: “O que acabei de ouvir é exatamente o que você realmente disse?. Ao falarmos, perguntar: “O que você entendeu do que eu disse?” e por último é ouvir o que estamos dizendo.

Como projetamos sobre o outro e o outro também projeta sobre nós, todos somos vítimas!