Eu

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O iceberg tem como propriedade a sua parte acima da superfície representa apenas 20% de seu tamanho total. Os restantes 80% ficam submersos. Por analogia, 20% do que sabemos sobre nós, está no nosso consciente e os 80% que não sabemos sobre nós, estão no nosso inconsciente.

PROJEÇÃO DE SOMBRA! - contato inicial

PROJEÇÃO DE SOMBRA,
Um caminho para se alcançar o autoconhecimento!

Por Silvio Farranha Filho - psicanalista


  Nosso objetivo na vida é sabermos lidar com os acontecimentos difíceis: falecimentos, separações, perdas, doenças, etc.
  Saber lidar significa fazer a escolha certa. É preciso aprender, tirando as lições das nossas experiências.
  O conhecimento adquirido influencia a nossa escolha, decisão e atitude. Agimos conforme nossa essência, com o que sabemos sobre nós.
   A origem do aprendizado é com nossos pais no lar da infância. Eles aprenderam com nossos avós. O padrão emocional é passado através das gerações. Também faz parte a ciência, religião, filosofia e cultura.

Qual o conhecimento capaz de proporcionar tal dinâmica?
  O conhecimento sobre nós mesmos, o autoconhecimento! Se na cidade de São Paulo vários caminhos nos levam à Praça da Sé, assim, há inúmeros caminhos para o auto-aprendizado.
   Conhecer quem sou, saber o que desejo de fato, como eu funciono, quais crenças me regem, como afeto e sou afetado pelo meio-ambiente, o que eu vejo, como vejo e o que faço com o que vejo, são informações essenciais que podem ser adquiridas através da Projeção de Sombra!
  É alcançar o conhecimento pessoal através do mergulho no próprio inconsciente através da observação atenta dos eventos que nos envolvem na vida diária. 
  
Sombra: o que é?
Em 1945, Jung deu uma definição mais direta e clara da sombra: “a coisa que uma pessoa não tem desejo de ser” (CW 16, parág. 470). O criador do processo quer dizer que a pessoa tenta ser o que ela não é! Se ela quer ser feliz, é porque é infeliz. Como o cérebro rejeita o desconhecido e se firma no que é conhecido, suas ações reforçarão a infelicidade, pois ela é a conhecida.

   Para trilhar o caminho pela projeção de sombra, o viajante deve ter em mente os seguintes pontos:

Polaridade/[i]Dualidade
A nossa mente vê o mundo em pares de opostos, como paz/guerra. A dinâmica da dualidade é: Um pólo é contrário e complementa o outro. Um depende do outro para existir e ambos geram o ritmo. A moeda Paz tem dois lados, o lado-guerra e o lado-paz. Os dois pólos se manifestam simultaneamente. Um pólo ao se tencionar até o limite provocará a manifestação do outro. Se um pólo está presente é porque o outro ainda não se manifestou. Se um pólo for destruído, o outro também será.
  É na dinâmica da dualidade que aprendemos a fazer escolhas. Os pólos opostos obrigam a se fazer uma escolha. Fazer a escolha por uma dentre duas alternativas. Fazemos escolhas o tempo todo. Ao se fazer uma escolha deve-se vive-la totalmente e de novo ao ponto de escolha, opta-se agora pelo outro pólo. Se não se fizer escolha, a não-escolha já é uma escolha. A vivência dos dois pólos gera o conhecimento total da dualidade, o que nos permite fazer a escolha certa.

A Sombra

  É uma região interna onde estão depositados diversos conteúdos; sentimentos difíceis, perturbadores, pecaminosos, inconfessáveis; pensamentos e atitudes desconhecidas; emoções e desejos reprimidos, recalcados, negados; dor profundamente enraizada (origem em gerações ou existências passadas); raiva secretamente escondida, mágoas, ressentimentos, frustrações. Estes conteúdos não desaparecem e se projetam na vida cotidiana, criando acontecimentos e conflitos, perturbando a emoção da pessoa. Sombra é tudo aquilo que temos medo ou odiamos.

Lar da infância

Na gestação absorvemos todas as vibrações e o funcionamento do nosso lar: a relação, os sentimentos, as emoções e a autoridade dos genitores ou responsáveis. À medida que nos desenvolvemos liberamos tais vibrações, razão dos conflitos entre pais e adolescentes. Fora de casa, liberamos nas pessoas revestidas de autoridade. As vibrações absorvidas junto ao pai são liberadas nos conflitos com homens e as absorvidas com a mãe, junto às mulheres. Transferimos para os ambientes o mesmo clima doméstico e tentamos corrigir o que há de errado com os nossos genitores nas pessoas do nosso convívio.

Crenças perniciosas

  As crenças são as raízes dos conflitos emocionais. Elas criam a Sombra. Identifica-las é o objetivo maior do processo de projeção de Sombra. Uma vez erradicadas, promovem a extinção dos conflitos. Crença não é o que se acredita. É o que se manifesta ou se materializa em resultados.  Crenças são as manifestações do que realmente acreditamos. Por serem invisíveis aos nossos olhos necessitamos de ajuda profissional para identifica-las. Ex. uma pessoa se define como próspera, mas corre ao mercado quando ouve que vão faltar produtos. Julgando-se crer na prosperidade, sua atitude denuncia a crença na escassez.
 As crenças nascem das mensagens subliminares (diretas ao inconsciente) que recebemos no lar da infância, das nossas observações ao longo da vida, e dos conseqüentes diálogos internos que formatamos. Um exemplo é o conselho dado por uma mãe ao seu filho: “Você é muito jovem para namorar, estude primeiro!”. A mensagem subliminar é que a mulher é má e poderá destruir sua carreira, baseada na crença na destruição. O jovem manifestará essa crença vendo as mulheres apenas como diversão, não se envolve seriamente ou vive de encontros e desencontros, onde as parceiras se queixam que quando elas pensam que a relação vai acabar ele se aproxima, quando pensam que a relação vai se firmar, ele se afasta. Inconscientemente ele está tentando preserva-las até o final dos estudos.
  Outro exemplo é a criança acordar à noite chamando a mãe e o pai é quem atende. Sem saber do acordo feito entre eles, começa chamar a sua atenção a vinda do pai. As repetições criam diálogos que instalarão a crença na rejeição, tais como: “Toda vez que chamo minha mãe, é meu pai que vem!”, “Se toda vez que chamo por minha mãe é o meu pai que vem, então, acho que minha mãe não gosta de mim!”, “É sempre a mesma coisa! Minha mãe não gosta de mim mesmo!”, “Eu sei que minha mãe não gosta de mim, e tenho a certeza de que jamais gostará!”
  Erradicar crenças é a chave. Somos escravos das nossas convicções. Temos a vida no qual acreditamos, na qual atraímos, seja doenças, criminalidade, morte, guerras.
   Alguns tipos: crença na inferioridade, na limitação; na falta e escassez, no não merecimento; no desejo de estar indo em outra direção; na resistência a compromissos; na perda do senso da ação e prioridade; no abrigo e proteção; no ressentimento, na raiva e culpa; no medo e desconfiança; na defensiva, no mundo hostil e ameaçador.

Como a Sombra se apresenta diante de nós?

  Não vemos a Sombra diretamente, somente através do outro. Como esquecemos de nós, o papel do outros é nos refletir! A Sombra reside dentro de nós, mas se manifesta fora. Aonde formos ela nos acompanha. Então cada situação, cada pessoa e cada coisa refletem a nossa Sombra, ou quem somos, de verdade. Como dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, não podemos entrar dentro das pessoas e ver o que elas vêem e dar a mesma opinião que elas. Só vemos conforme nossos conteúdos internos, o mesmo se dá com o outro que nos vê conforme seus filtros. Todo relacionamento é projeção e tudo na vida é relacionamento. Não há contato real, só projeção. Na conversa com uma pessoa, nos projetamos sobre ela e ela se projeta sobre nós. Ao darmos um conselho a alguém, no fundo estamos dando a nós mesmos. Devemos perceber e retirar nossas projeções, como também, devolver as projeções do outro. Quanto mais nos conhecemos mais percebemos o outro como ele é.
  A Sombra se apresenta no exato instante em que percebemos uma sensação de conforto ou desconforto.
  Desconforto: Ao dizer que não gostamos de uma pessoa por a acharmos falsa de caráter, a falsidade que vemos está escondida dentro de nós. Estamos diante da nossa própria falsidade que não enxergamos ou que não admitimos sua presença. Como a mesma pessoa pode ser verdadeira para alguém, então o que vemos nela é o nosso reflexo. Ela está nos refletindo. Assim, tudo o que nos irrita, incomoda, aborrece é sempre o que está mal resolvido em nosso interior.
 Conforto: Ao dizer que admiramos a inteligência numa pessoa, a inteligência que percebemos é a nossa necessidade de sermos ou de nos sentirmos inteligentes. Estamos diante das nossas necessidades emocionais. A mesma pessoa pode ser “tapada” para outras. Assim, tudo o que nos apaixona, seduz, atrai são as nossas próprias necessidades, às quais devemos atende-las.
  Estamos diante da nossa Sombra no exato instante em que: nos relacionamos com objetos, situações, pessoas; nos sentimos incomodados/apaixonados; emitimos opiniões, impressões, interpretações, conselhos, críticas e julgamentos; experimentamos repetições; desejamos que o outro mude; dialogamos internamente; fazemos escolhas; vivenciamos vícios e rotinas.

Como reagimos diante da Sombra?

  Nossa primeira reação é a FUGA! Negamos que possa existir algum problema conosco. Nos queixamos de pessoas autoritárias e vamos nos defrontar com elas no local de trabalho, no clube, na escola. Esta é uma forma de fugir da Sombra, daquilo que nos incomoda.
  Nossa segunda reação diante da Sombra é a NEGAÇÃO!
Nesta fase, nem debaixo de torturas iremos admitir que aquilo que detestamos em tal pessoa reside dentro de nós. Reclamamos que o nosso chefe é arrogante, porém no restaurante tratamos com arrogância o garçon pelo atendimento, sem perceber que nossas “falas” em relação aos dois são as mesmas.
  Nossa terceira reação diante da Sombra é a ACEITAÇÃO!
Nesta fase conseguimos perceber que possuímos algo das pessoas que nos incomodam e que estamos prontos para encarar este fato. Esta é a chave para tornar a Sombra a nossa aliada. O segredo é sair da crítica e do julgamento.

Como tornar a Sombra a nossa aliada?

  Não nos iludamos! É apenas a ponta do iceberg. A simbologia nos diz que os 20% acima da superfície da água referem-se ao nosso consciente e os 80% submersos representam o nosso inconsciente. Autoconhecimento é trazer o que está submerso à superfície. É estar cada vez mais consciente das partes inconscientes. Sempre teremos Sombra, que também é coletiva, pois trazemos na psique os conteúdos de toda a humanidade. Instituições e localidades também têm Sombra que é a soma das Sombras de cada membro.
  O caminho do viajante é aprender a fazer a escolha certa e a sua Sombra pode ser sua aliada. Ela tem o poder de lhe fornecer informações sobre seus mais profundos sentimentos, desde que desperte o observador de si mesmo. É sábia conselheira. Porém  extremamente perigosa se não receber atenção, levando-o se defrontar com ela através de experiências hospitalares, ocorrências policiais e até mesmo sepultamento. Aceitar a contribuição da Sombra é facilitar a comunicação entre consciente e inconsciente. Atitudes radicais mostram tentativas de “matar” a Sombra fazendo com que o viajante se defronte com ela, logo mais à frente, em situação ainda mais complicada.
  Assim, o viajante deve: ouvir os próprios sentimentos; prestar atenção às suas falas internas; viver no momento presente aceitando sua própria realidade; estar atento aos seus movimentos; eliminar a crítica e o julgamento; reconhecer que vive numa rede psicológica onde o seu emocional se mistura ao emocional de cada pessoa com quem convive e o que vê no grupo também está em si, em nível psicológico; extrair lições de toda experiência, pois tudo são informações a seu respeito; tirar suas máscaras, confessando a si mesmo os seus sentimentos mais perversos; admitir que o outro é o seu próprio espelho; enxergar que não existe o perdoar as pessoas, ninguém perdoa ninguém, o que existe é o auto-perdão! O perdoar a si mesmo; mudar sua visão, a forma como vê a vida; erradicar crenças perniciosas; corrigir pequenos delitos; aceitar o fato que é a sua Sombra quem atrai tudo o que lhe acontece, motivada por suas próprias crenças; fazer escolhas coerentes com o seu ser; posicionar-se corretamente, sendo fiel ao seu jeito, ao seu ritmo, ao seu tempo, conforme sua emoção e jamais, jamais recusar um conflito.   Assim, o viajante estará diante da própria LUZ! Com profundo conhecimento de si mesmo!




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