Eu

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O iceberg tem como propriedade a sua parte acima da superfície representa apenas 20% de seu tamanho total. Os restantes 80% ficam submersos. Por analogia, 20% do que sabemos sobre nós, está no nosso consciente e os 80% que não sabemos sobre nós, estão no nosso inconsciente.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

NUMA FRAÇÃO DE SEGUNDO!


Por Silvio Farranha Filho – psicanalista

Vamos dividir o tempo de um segundo em mil partes, a parte dividida é a fração de milésimo de segundo. A duração de um tempo num milésimo de segundo. Este é o tempo que dura uma sensação que sentimos, seja uma sensação de incômodo ou desconforto ou uma sensação de atração ou de conforto. É o tempo que dura nossa primeira impressão quando vemos uma pessoa pela primeira vez, uma imagem, uma notícia. É também a fração de tempo que dura o nosso contato com a nossa Sombra.

Em 1945, Jung declarou que Sombra é o que uma pessoa não deseja ser.

Assim, nós não nos conhecemos totalmente, não temos a coragem de puxar a cortina e nos vermos como realmente somos, escondemo-nos de nós mesmos, carregamos emoções escondidas, temos uma vida dupla: a vida pública e a vida privada. Somos possuídos e dirigidos por aquilo que não conhecemos de nós mesmos, mas que são partes de nós, somos nós.

As partes que não conhecemos sobre nós ou desconhecidas da nossa personalidade, seja tanto o nosso potencial criativo quanto o nosso poder destrutivo, residem no que é chamado de Sombra. Os conteúdos negativos são sentimentos e pensamentos que nós não enxergamos que temos. Emoções e desejos reprimidos, recalcados, negados, não confessados, pecaminosos. Os mais perniciosos são as nossas crenças pessoais, raízes de toda emoção negativa. Estes conteúdos invisíveis para nós são vistos no outro. Sombra é o que vemos no outro, tipo, ele é ciumento! Isto significa que não estou vendo em mim o quanto eu sou ciumento. Eles não tratados fazem pressão para vir à tona, apontando para o que realmente estamos fazendo, para que assumamos nossas responsabilidades para as coisas que fazemos e dizemos que não queremos fazer, para os pensamentos que temos e dizemos que não queremos ter, a assumir sentimentos que dizemos não querer sentir. Não assumir o conhecimento de tais partes desconhecidas é extremamente perigoso, assim, hospitais, penitenciarias e cemitérios são as consequências inevitáveis da nossa inconsciência.

O contato com a Sombra se dá através das sensações que nos incomodam num milésimo de segundo diante das pessoas, coisas e acontecimentos. Sensações intensas, profundas que acontecem num piscar de olhos.

Alguns exemplos: Vimos uma pessoa receber uma menção honrosa. Vamos admitir naquele milésimo de segundo a ocorrência de sensações negativas, tais como inveja, raiva, desprezo, despeito em nosso interior? Uma pessoa de quem não gostamos foi prejudicada. Vamos admitir a passagem das sensações de prazer, vingança e raiva? Diante da vitória do outro: temos a coragem de admitir para nós mesmos que estamos sentindo dor de cotovelo?

Por que estas coisas nos acontecem? Por que experimentamos, sem a nossa vontade, várias sensações indesejáveis e inconfessáveis ao mesmo tempo, no intervalo de um milésimo de segundo? São exatamente os fatos, as pessoas, os acontecimentos que nos provocam diretamente tais sensações? Ou, os eventos são gatilhos que disparam algo que já reside em nós?

O que acontece é que nossas crenças pessoais encontraram em tal oportunidade uma forma de se apresentar a nós, tornarem-se visíveis, conhecidas, necessitando ser tratadas e conscientizadas. Exemplo: colocamos a segurança na primeira pauta das nossas vidas, quando estamos sendo regidos pela crença que o mundo é hostil e cruel e que o outro tem o poder de nos destruir. Corremos de imediato para atender uma promoção por tempo limitado, quando estamos sendo movidos pela crença da escassez, que diz não há tudo para todos.

Ao percebermos uma sensação de desconforto é chegada a hora de iniciarmos um processo interior. Investigar a fundo a origem de tal sensação. Confessar sentimentos secretos. Descobrir o que negamos até debaixo de tortura. Encontrar a crença perniciosa. Sermos honestos conosco. Enquanto não trouxermos à tona tais conteúdos continuaremos sendo assombrados por tal sensação, correndo o risco de precipitar ações das quais nos arrependeremos amargamente. Uma vez erradicadas as crenças perniciosas nos tornamos pessoas livres com uma forma de ser, de agir e de pensar que nos traz sentimentos de contentamento e paz.
Por Silvio Farranha Filho – psicanalista


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