Um fato me chamou a atenção em um noticiário sobre o
comercio da região da Rua 25 de Março, no centro da capital paulista, no final
de 2008, informando a freqüência de um milhão de consumidores por dia, que
geraram a receita de 17,6 bilhões de reais. Outra noticia foi a preocupação da
polícia militar em melhorar a segurança pública, tendo em vista que no ano
anterior as operações policiais abordaram 1.269 batedores de carteiras na
região.
Façamos um cálculo grosseiro, consideremos que esses
malfeitores assaltaram 10 pessoas cada um e cada vítima tivessem 100 reais.
Como resultado teremos 12.690 pessoas agredidas representando 0,01269% do total
de pessoas/dia. Perderam R$1.269.000,00 que representa 0,000....% de 17 bi. Por
mais que os malfeitores vitimassem pessoas, os prejuízos não chegaram a
arranhar o faturamento total. Então, quem são estas pessoas vitimadas? Por que
exatamente elas?
Porque estas pessoas trazem dentro de si o estigma para o
assalto, ou seja, elas trazem internamente uma marca que gera a necessidade de
aprenderem através desta experiência. Os larápios existem por conta destas
marcas e para elas, eles são atraídos e somente a elas é que podem e devem
assaltar. Larápios e vítimas ligados por conta de suas escolhas e de suas
verdades, de suas marcas internas, muitas vezes trazidas de outras vidas.
Do total restante, os outros novecentos e tantos mil,
dentre eles, quantas outras pessoas desavisadas dos critérios de segurança, até
abusaram dos descuidos, expuseram-se a riscos desnecessários, ainda assim nada
aconteceu? As pessoas vitimadas, de alguma forma, fazem o mesmo contra elas
próprias.
Assaltam sejam de si mesmas ou de outras pessoas o tempo,
a energia, a emoção, a amizade, a criatividade, a vitalidade física, a alegria,
o apoio dos amigos, o dinheiro. Praticam pequenos delitos diante dos impostos
ou ficam com o troco dado a mais, omitem a despesa cobrada a menos, mantém
falas internas de que neste país não se deve ser pessoa honesta, barganham
valores acima do necessário, minam a energia dos parceiros, impõem condições às
pessoas próximas, vampirizam energias, fazem apropriações indébitas, etc.
Aparentam pessoas normais, politicamente corretas e
aceitas na sociedade. Então, os assaltantes fazem com elas o mesmo que elas
fazem a si próprias.
Se você já foi vítima de assalto, quais foram as lições de
vida que você aprendeu com a experiência? Aprendeu na primeira ou precisou de
repetições? Mesmo assim aprendeu? Você poderia ter aprendido de uma outra
forma? Prestou atenção aos sinais? Psicologicamente, roubo está associado à
falta, necessidade, julgamento. Questione-se: o que tenho medo de não poder ter
ou de não merecer, ou o que eu tenho medo de perder? Faça uma avaliação
honesta: como você está “batendo” a própria carteira? Nada acontece por acaso,
pois só acontece a quem tem que acontecer.
Por Silvio Farranha Filho, psicanalista
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