A coisa mais fácil que fazemos é projetar os nossos
conteúdos internos nos outros! Isto é explicado devido a forma como vivemos.
Para enxergarmos algumas partes do nosso corpo,
necessitamos do auxilio de um espelho. Não conseguimos enxergar diretamente os
nossos conteúdos internos. Uma parte deles podemos perceber através das nossas
sensações e manifestações no corpo físico, como por exemplo, perceber a raiva
que sentimos através da nossa respiração, dos batimentos cardíacos, etc.
Mas, a maior parte dos nossos conteúdos internos
está invisível ao nosso olhar. Necessitamos do auxilio de outra pessoa, de uma
situação ou de uma coisa para enxergarmos. Isto é projeção! Exemplo: a
falsidade que enxergamos na outra pessoa é o reflexo da falsidade da nossa
relação conosco, pois assim é uma forma de vermos que não estamos sendo
verdadeiros com os nossos próprios sentimentos.
Quando digo EU, no mesmo instante eu me separo
do NÃO EU! Então o meu não eu é transferido ao TU! Exemplo: “Eu sou uma pessoa honesta!”. No
exato instante em que faço esta declaração, eu me separo do meu lado desonesto.
Se eu sou honesto, então, eu não sou desonesto! Correto?
Como fica o meu lado desonesto? Ele é transferido ao
outro! Ex. “ O meu vizinho é desonesto!”
Uma forma de eu perceber minha projeção seria uma
declaração do tipo:
“ O meu vizinho é desonesto, igualzinho a mim!”
“Você é uma pessoa rancorosa, exatamente como eu!”
“O mundo está perdido, assim como eu!”
Pode acontecer de percebermos o que está invisível
para nós, mas, muitas vezes preferimos não ver, não assumir, não confessar, e
aí, reprimimos, recalcamos. Estes conteúdos jogados no inconsciente, não
desaparecem, ficam fazendo pressão para vir à nossa consciência a serem
tratados. De tanto fazer isso chega um ponto de perdermos o contato com o nosso
eu interno e, quando isso acontece, estamos de frente com a SOLIDÃO! Aconteceu
a perda da nossa presença na nossa vida!
De tanto sermos guiados de forma inconsciente pelos
nossos conteúdos internos, só vemos o outro, o comportamento do outro, o outro
fica visível. Para o nosso olhar sobre nós, achamos que estamos sempre certos,
corretos. Vagamos inconscientes de nós, mas a Sabedoria Divina deu-nos algo que
não deixa a inconsciência nos vencer em definitivo: o nosso corpo físico!
O nosso corpo físico nos auxilia a lembrarmos de
nós, a olhar para nós, nos reconhecer e a forma que ele utiliza é através das
enfermidades. O corpo é a nossa verdade! Sintomas, enfermidades, acidentes são
lembretes para olharmos para nós de forma verdadeira e sairmos da projeção
sobre outro!
Tudo na vida é relacionamento e todo relacionamento
é projeção!
Estamos projetando quando:
-
tecemos
críticas, sejam elas positivas ou negativas;
-
emitimos
julgamentos e opiniões;
-
damos
conselhos;
-
apontamos
o dedo, neste caso, quando aponto o dedo, estou apontando o meu erro no outro.
Sair da projeção, estarmos conscientes de nós exige
duas tarefas: a primeira é estarmos atentos como lidamos com o outro e nas
manifestações do nosso corpo. A segunda já é mais difícil, perceber o que está
inconsciente para nós. Alguns sinais: sentimentos que não queremos sentir,
pensamentos que não queremos ter; somos pessoas boas fazendo coisas más,
atitudes impensadas, “aquilo” foi mais forte do que eu, etc
Quando estes sinais surgem é chegada a hora de
lembrar que estamos sendo governados por nossa própria natureza, que ainda se
encontra inconsciente para nós. Devemos tomar consciência destas partes
inconscientes através de um trabalho muito profundo em nosso interior.
É importante duvidarmos do que pensamos, do que
sentimos, do que fazemos, do que queremos, de quem somos. É urgente darmos mais
atenção a toda e qualquer manifestação seja em nós ou ao nosso redor. Imperioso
questionar o que fazemos, como fazermos, porque fazemos, qual o verdadeiro
motivo ou intenção. Estarmos atentos “ao que nos acontece” e ao que fazemos
acontecer, e por fim admitirmos que “somos nós”, sempre somos nós, nunca o
outro!
Por Silvio Farranha Filho - psicanalista
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