Eu

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O iceberg tem como propriedade a sua parte acima da superfície representa apenas 20% de seu tamanho total. Os restantes 80% ficam submersos. Por analogia, 20% do que sabemos sobre nós, está no nosso consciente e os 80% que não sabemos sobre nós, estão no nosso inconsciente.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Vida Íntima!


VIDA ÍNTIMA!
Por Silvio Farranha Filho – psicanalista

Ouvimos constantemente frases do tipo: “Eu Interior”; “A resposta está dentro de você!”, “Busque em si mesmo(a)!”,  “Despertar da consciência”, mas, onde fica este lugar dentro de nós, portador de tais informações?
Convido-o(a) realizar uma tarefa simples, que eu denomino de “Dinâmica da Desconexão”. Neste momento e por um momento, desligue-se do seu trabalho, casa, móveis, carro, de cada pessoa com quem convive, celular, computador, relógio, pet(s), etc. Tire todos os “plugs” das tomadas de tudo que te envolve. Desconecte-se.
Ao realizar esta tarefa, o que fica?
Pode advir uma sensação de terror, medo, algo assustador, estranho, perplexidade e uma percepção de “Eu”, nada, vazio, dor, solidão, falta de sentido. O que fica é exatamente a parte de nós que denominamos “Eu Interior” ou “Essência”. Eu particularmente a chamo de “Vida Íntima!
A vida íntima é a nossa parte central. Aquela parte de nós que somente nós conhecemos e temos acesso. Nossa verdade incontestável. A verdadeira realidade. Ela contém a forma como vemos a vida, todas as nossas respostas e armazena tudo o que sabemos sobre nós. Composta por crenças, sensações, pensamentos, sentimentos, a maioria difíceis, perturbadores, pecaminosos, inconfessáveis, inclusive para nós próprios. Todo material depositado nesta parte de nós fica intacto pela vida toda, aguardando por nosso acesso e mudanças. Este material faz pressão e se manifesta em tudo que está “plugado” em nós. Não acessamos esta parte de nós, ou porque estamos fugindo e/ou negando sua existência. Temos a vida íntima, que escondemos dos outros, por vergonha e a nossa vida pública, com os outros onde usamos “máscaras”.
A vida íntima é semelhante a uma casa situada numa ilha em pleno mar revolto, com uma ponte de acesso que somente nós cabemos nela e que está ardendo em chamas impedindo a entrada. As chamas são as nossas crenças. Para apagar o incêndio devemos levar a água em nossas mãos, atravessar a ponte, adentrar a casa e jogá-la no foco do incêndio.
Na dinâmica da desconexão, num flash, nos aproximamos desta casa ou vida íntima.  Temos a percepção do que ela está ardendo, se prazer ou dor e  como a nossa vida está sendo afetada.
A dificuldade em acessar a vida íntima é porque ela dói. Fugimos da dor buscando freneticamente o prazer. Cada “plug” é uma proposta original de prazer. O início é sempre prazeroso, mas lentamente vamos sentindo na proposta a mesma chama que emana da nossa vida íntima.
Se naquele “Eu” encontrado arde a dor do vazio, então iremos perceber o vazio em todas as escolhas feitas. Seremos movidos por uma necessidade imensa de preenchimento, de encontrar algo que está faltando. Se dor da solidão, estamos sempre nos sentindo solitários, sem conexão, ausentes da nossa presença na nossa vida. Se dor da falta de sentido, tudo a nossa volta perde o sentido, nada mais faz sentido. Assim, giramos sempre em torno de encontrar algo que está faltando, que dê sentido, que nos conecte e nos faça companhia.
Ghandi descobriu o poder da vida intima ao dizer: “Tudo está bem, quando eu estou bem, mesmo que tudo à minha volta esteja mal. Tudo está mal, quando eu estou mal, mesmo que tudo à minha volta esteja bem!” .
Como, então, tratar da vida íntima?
Minha sugestão é através de um jogo de raciocínios, onde utilizamos uma lógica, independente e imparcial, para detectar incoerências, paradoxos, inconsistências e incompatibilidades entre as escolhas e a vida íntima. A elaboração final é a água com que devemos apagar o incêndio. Para isto vamos utilizar como chave a palavra importante!”.
Vamos dar um valor à chave “importante”. Quando realizamos uma tarefa extremamente prazerosa, na feitura dela não sentimos cansaço, fome, sede, sono, não percebemos o telefone tocando, pessoas conversando, etc. somente a tarefa é que importa, nada mais. Assim, importante é igual a algo extremamente prazeroso, que preenche, conecta e dá sentido.
Alguns jogos de raciocínio: Se o vazio reina em minha vida íntima, então algo externo irá preencher? Então, o meu emprego, o meu relacionamento são tapa-buracos? Se nada faz sentido, então, quando terminarão minhas buscas? Se a solidão campeia em meu íntimo, então, “rolar telas” nas redes sociais me dará a sensação de conexão e companhia? Se isto de fato é importante para mim, então, porque me preocupo com aquilo?  O que realmente é importante? Se a dor reina em minha vida íntima, então, estou numa busca frenética para sentir prazer? Para curar? Para aliviar a dor? Qual é a minha verdade?
Se o prazer, a alegria de viver reina em minha vida íntima, então, sentirei a mesma sensação em minhas escolhas? Posso dizer que tais escolhas estão próximas da minha natureza?
A verdade é inconteste, o prazer e a alegria de viver ao reinarem em nossa vida íntima, tudo a nossa volta têm conexão, sentido e preenchimento.

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