Eu

Eu
O iceberg tem como propriedade a sua parte acima da superfície representa apenas 20% de seu tamanho total. Os restantes 80% ficam submersos. Por analogia, 20% do que sabemos sobre nós, está no nosso consciente e os 80% que não sabemos sobre nós, estão no nosso inconsciente.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Um Panorama da Pandemia!



UM PANORAMA DA PANDEMIA
Por Silvio Farranha Filho – psicanalista
Neste ensaio apresentamos 16 lâminas para os momentos de reflexões a fim de ajudar as pessoas a enxergar o cenário em que estão envolvidas e a se posicionarem de acordo com as suas emoções. Estes pontos foram extraídos de uma pequena pesquisa que realizamos junto aos clientes nos primeiros dias da quarentena, onde buscamos saber como elas estavam se sentindo dentro de suas casas e na sua vida doméstica.
Partimos do ponto em que o confinamento social exigiu ficar em casa. Ficar em casa é voltar para casa, para a vida íntima, para a convivência com familiares e para as ligações íntimas. Ficar em casa é lidar com diversos conflitos emocionais. Nesta turbulência, perguntamos, como o período de confinamento pode ser positivo e beneficiar as pessoas? Que organização interna a pessoa pode ter para a retomada da sua vida? Que lições, são possíveis de se extrair dos conflitos emocionais vivenciados no ambiente doméstico? Uma coisa é certa, o que se aprende sobre si dentro de casa, no convívio familiar, é o que se leva para a vida externa.
Como aproveitar este ensaio? Os numerais indicam os aspectos dos conflitos, a seguir a mensagem e por último a lâmina para a reflexão e ajuda da psicoterapia.
Ofereço-lhes, então, estas lâminas!
1-    O que é a pandemia?
Cenário: Em 2019, final do ano, a China descobriu uma doença respiratória com altíssimo poder de transmissão, extremamente perigosa, gerando óbitos, provocada pelo vírus denominado de coronavirus-Covid19. O planeta inteiro, em pouquíssimo tempo, deparou-se com  milhões de infectados e milhares de mortos. Esta realidade foi chamada de pandemia. Como nenhum país estava preparado para tal fenômeno, surgiu uma busca frenética por salvar vidas. Enquanto se procurava dar uma resposta ao problema, foi decidida uma medida radical: suspender a vida social reduzindo-se, ao máximo, todos os eventos que permitam a circulação e reunião de pessoas. Foi, então, implantado o confinamento das pessoas em suas residências, podendo ser adotado o confinamento total, chamado de lockdown e/ou o confinamento parcial, denominado de “quarentena”. As autoridades médicas assumiram o controle da pandemia orientando a população de acordo com as suas localidades. No Brasil, foi adotado o confinamento parcial. Todas as pessoas foram orientadas a permanecerem em suas casas, a fim de se evitar a propagação do vírus. Cada pessoa, então, teve sua liberdade de ir e vir bloqueada, a suspensão da sua vida externa, fora de casa e, ainda, foi alterada completamente a sua realidade emocional.
Medo, ansiedade, tensão, angústia, tristeza, depressão, tudo isto perante a possibilidade de se infectar e morrer. Os conflitos emocionais enfrentados no ambiente doméstico constituíram-se em outro agravante. O pânico, por fim, tornou-se o panorama inicial da pandemia.
Na busca de auxiliar as pessoas a lidarem com o seu emocional, suas emoções, cientistas sociais, psicólogos, psicanalistas, antropólogos, terapeutas, professores, pensadores, filósofos, etc., se empenharam profundamente na compreensão da doença e apresentar linhas de orientações à população. Neste estágio inicial da pandemia uma linha de orientação é comum a todos: a importância de cada pessoa gerenciar suas próprias emoções!
Os governos locais preocupados com a pandemia e a economia, de forma planejada e por etapas, estão liberando o retorno das pessoas à vida externa. Nossa preocupação reside na direção em que bagagem emocional adquirida está seguindo: se está ajudando a pessoa a ficar com ela, se conectar consigo mesma, utilizando a dor para se construírem, ou se está ajudando a pessoa a se desconectar de si própria, utilizando a dor para se destruírem.
Reflita: qual o seu nível de consciência sobre a pandemia?
A psicoterapia tem por objeto orientar a tua razão, a amparar os teus sentimentos e a iluminar a tua consciência. Ela te ajudará a se posicionar dentro do conflito emocional, isto é, saber quem você é e o que você realmente quer dentro da questão. Ela te ajuda a dissolver a emoção negativa construindo uma linha de raciocínio, um pensamento independente com uma lógica imparcial. Para isso, se requer um ponto de partida, o contexto maior. Neste caso o contexto maior é a pandemia. Então partimos da pandemia para chegar-se à questão emocional do momento. É por este motivo que colocamos o que é a pandemia?  como ponto de partida, a lâmina no. 1. Um exemplo: percebo-me inseguro. O que está me causando este sentimento é a pandemia. O que é a pandemia para mim? A partir desta resposta desenvolvo uma linha de raciocínio até chegar na emoção negativa que me incomoda.
Para cada lâmina a seguir, comece com 1ª. lâmina o logicar de suas questões.
2-O confinamento obrigou você a ficar em casa, a olhar para si, para a sua vida, para sua realidade interna, para a sua verdade, para as suas crenças e valores. Deu-lhe aquele tempo tão desejado para você ficar com você. Permitiu aquela oportunidade de você olhar para o cenário que te envolve e/ou envolveu a fim de você entender o que está acontecendo, entender o que fazer e entender como fazer. Um espaço para você descobrir o que você faz e não deve mais fazer e para o que você não faz e deve fazer.
Reflita: Como você está lidando com a possibilidade de estar contigo, dentro de casa, num confinamento social e com uma pandemia ao seu redor? A psicoterapia te ajuda a tirar a sensação do “estar sem chão” , sem rumo, te direcionando a um prumo.
3-O confinamento tirou a sua liberdade de movimentar-se tanto dentro, quanto, fora de casa, sua liberdade de ir e vir.  Isto mostrou que a organização da sua vida mudou, que as coisas não são ou não estão no mesmo lugar de antes. A pandemia apresenta o verdadeiro significado da palavra “mudança”, pois ela está promovendo uma mudança radical em todos os níveis da sociedade. Isto quer dizer que o mundo que você conhecia não existe mais.
Reflita: Como você lida com MUDANÇAS em sua vida? A psicoterapia te ajuda a lidar com mudanças, a enxergar a tua prisão interna, a despertar sua consciência sobre o teu conceito de liberdade e a te capacitar para lidar com o diferente.
4-O confinamento, a suspensão da vida externa e os conflitos domésticos, podem ou estão te levando a um tormento: quando será que tudo isto vai acabar? Quando será que tudo voltará ao normal?  Veja, se você já vivia em ansiedade e depressão antes da pandemia, agora estes sentimentos se tornam um verdadeiro terror. Sim! Porque o vírus está no ar, ainda não se tem vacina, remédio, o parque ambulatorial ainda em precárias condições de socorrer pessoas. Se você não produzir a sua própria calma, paciência e confiança, você corre o risco de “enlouquecer”. Ou pior, estes recursos internos já deveriam ter sido adquiridos antes da pandemia.
As autoridades médicas anunciam que conviveremos com o vírus por muito tempo. Primeiro será preciso encontrar um remédio, uma vacina e depois, então, partir para a erradicação da doença. Isto levará anos! Portanto, tenha em mente que a pandemia não “vai acabar”!
Quando ocorrer a liberação do confinamento, o que você encontrará na sua vida? Desemprego? Redução de jornada? De salário/receita? Trabalho em casa(home office)? Aulas? Aulas em casa(on line)? Seus negócios? Falecimentos? Seu lugar de oração? Os “points” (lugar onde você vê pessoas e também é visto por pessoas)que você frequentava estarão nos mesmos lugares? Funcionando do mesmo jeito? Então, tenha em mente que, sim, a quarentena, o confinamento, este, sim, vai acabar! Tenha em mente que se as coisas foram alteradas, com um novo jeito de funcionar, quer dizer que o “normal” que era antes, não será mais.
Reflita: Você enxerga que o “normal antigo” não voltará mais e que você está caminhando para um “novo normal”? A psicoterapia te ajuda a eliminar a tensão emocional do “quando vai acabar?”, desenvolvendo internamente a tua calma, confiança e paciência, por fim, te preparando emocionalmente para lidar com os desdobramentos do teu cenário que estará por vir.
5-Ficar em casa! Cada membro da família foi afetado pela pandemia de alguma forma e a maior probabilidade é que cada pessoa tem e/ou terá algum tipo de perda. A realidade varia de pessoa para pessoa. Alguns trabalhando em casa ao lado de pessoas que necessitam sair, ao lado de filhos que precisam ficar em casa, ou com idosos saudáveis ou enfermos, etc., tornando cada pessoa um ser individual, vivendo sua individualidade dentro de um coletivo.
No caso, por exemplo, do parceiro que tem que ficar em casa ao lado o parceiro que necessita sair, não há mais consenso e isto altera a vida conjugal. Agora, cada um é responsável por sua própria escolha e decisão, não mais dependendo do outro. Nasce um novo tipo de parceria. Um não pode obrigar o outro a ficar, o outro não pode obrigar o um a sair.
Reflita: Você enxerga que a pandemia te obrigou a reconhecer o seu poder de fazer escolhas? O seu poder de escolher? A psicoterapia te ajuda a reconhecer e a respeitar a sua individualidade, a enxergar o seu papel e o seu próprio valor dentro da vida coletiva, resgatando, por fim, o teu poder de escolher.
6-Ficar em casa ou sair! O segundo nível de escolha é: a sua decisão entre você estar com saúde (aquela esperada pelo governo, para organizar o parque ambulatorial) e você estar infectado(a) (contrair a doença, obter diagnóstico, evoluir para tratamento em casa ou no hospital. Uma vez internado(a), evoluir para cura ou para óbito). Se você ficar em casa e não se contaminar, você faz parte da solução do Estado. Se você se contaminar, fará parte do problema do Estado.
Reflita: Qual o seu nível de consciência sobre as medidas de higienização contra a doença? Você enxerga que sua escolha faz a diferença entre você estar com sua saúde e/ou estar enfermo (a)? A psicoterapia te ajuda a se posicionar corretamente no ponto de escolha e a decidir conforme os seus princípios.
7-Ficar em casa ou sair! O terceiro nível de escolha é: Você se tornar um agente infeccioso ou não! Você entra em contato com alguma pessoa que faz parte do chamado “grupo de risco”? Isto torna você um agente infeccioso! O seu nível de consciência sobre a pandemia  melhora ou  piora a condição de agente infeccioso. Você pode ser portador do vírus e não se manifestar em você, isto é chamado de assintomático. Consideremos este exemplo: Uma pessoa assintomática tem contato com uma criança. As crianças são consideradas assintomáticas. Esta criança tem contato com o avô dela (grupo de risco). O avô se infecta e vem a falecer.  Em caso de isto acontecer percebemos que a escolha da tal pessoa fez a diferença entre a vida e a morte de outra pessoa que ela nem conhece.
Reflita: Você enxerga que sua consciência sobre a pandemia e sua escolha pode fazer a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa? A psicoterapia te ajuda no seu despertar consciencial!
8-A vida dentro de casa, a vida em família, as ligações íntimas, mostram a nossa capacidade de estabelecer relações, sejam elas afetivas, fraternais, familiares e interpessoais.
Reflita: O que você descobriu sobre a sua capacidade de criar, estabelecer e fortalecer relações? A psicoterapia te ajuda no desenvolvimento da sua capacidade de se relacionar e neste caso você pode, também, se beneficiar da capacitação terapêutica Curso “Relações Interpessoais”, antigo “Curso Espelhos da Alma” que eu ministro.
9-A vida dentro de cada, a vida doméstica, nos mostra a nossa capacidade de compartilhar. A palavra compartilhar, nos dicionários significa: ter ou tomar parte de, partilhar com. O individualismo, o narcisismo(olhar somente para o próprio umbigo), a crença do ter e reter, não dividindo, o  levar vantagem, serão completamente extintos da vida das pessoas.
Reflita: O que você descobriu sobre a sua capacidade de compartilhar? De partilhar? A psicoterapia te ajuda a compreender a importância do desapego.
10-A vida dentro de casa mostra nosso potencial para a solidariedade, ou seja, a nossa capacidade de doar, de enxergar o outro ao nosso lado, de olhar para a necessidade do outro e dar algo de nós para o outro a fim de melhorar tanto a nossa vida quanto a vida do outro. Surge então um novo paradigma: ganharmos, somente, se o outro ganhar.
Reflita: O que você descobriu sobre a sua capacidade de solidariedade? A psicoterapia te ajuda a despertar o seu lado participativo.
11-A vida dentro de casa mostra nosso espírito de cooperação. Nos dicionários a palavra ‘cooperar’ significa: atuar, juntamente com outros, para um mesmo fim; contribuir com trabalho, esforços, auxílio; colaborar. Vejamos este exemplo: Um náufrago aporta a uma ilha e lá tem um coqueiro com apenas um coco. Ele come a fruta. Quando é resgatado, deixa a ilha sem uma fruta a oferecer a outro náufrago. Outro náufrago aporta à ilha, saboreia a fruta e planta a semente. Quando é resgatado, a ilha tem vários coqueiros com várias frutas a oferecer a outros náufragos. Viver sempre atendido, servido, sem oferecer nada em troca, sem fazer nada para merecer (algo do tipo só “venha a nós”) são práticas entre as pessoas que a pandemia veio por um fim
Reflita: O que você descobriu a respeito do seu espírito de cooperação? A psicoterapia te ajuda a compreender a Lei Espiritual da Compensação e da Troca.
 12-A vida dentro de casa mostra o nosso espírito de conteúdo, nossa criatividade. Aquela idéia criativa que melhora a vida de alguém, diminuindo o sofrimento. A nossa capacidade de criar algo que alavanca algum tipo de progresso ou algo que simplesmente faça uma diferença positiva na vida de alguém. A “idéia” criativa nasce quando observamos as necessidades das pessoas. A pandemia está gerando uma gigantesca rede de necessidades entre pessoas e instituições.
Reflita: O que você descobriu sobre a sua capacidade de gerar conteúdos que façam uma diferença positiva na vida das pessoas? A psicoterapia te ajuda a superar o sentimento de inutilidade.
13-A vida dentro de casa, na pandemia, mostra exclusivamente o nosso espírito do agora. Estar presente na nossa própria vida. A ansiedade que é o grande vilão do sistema emocional encontra nesta pandemia o seu grande inimigo: o hoje, o presente, o aqui, o agora! Não há mais o amanhã, o futuro, o depois, o quando... A vida acontece hoje, aqui, agora!
Reflita: O que você descobriu da sua capacidade de estar presente em sua própria vida, do quanto está eliminando preocupações com o futuro? A psicoterapia te ajuda a lidar melhor com os sentimentos de solidão e de depressão, trabalhando o vazio interior e a tristeza profunda.
14-A vida dentro de casa mostra a nossa capacidade de Amar, do quanto compreendemos sobre o Amor. O valor do Amor. Mostra o quanto amamos a nós próprios, o quanto amamos o outro fora de nós, o quanto amamos a Natureza, o quanto amamos a Deus. Não importa o nível de turbulência doméstica, este aprendizado é exigido, seja num lar de suavidade e amor, seja num lar de tensões, discórdias e desarmonias. O Amor Universal surge quando alcançamos a compreensão. Despertamos para o Amor ao compreender as pessoas e as coisas aceitando-as como são.
Reflita: O que você descobriu sobre a sua capacidade de amar? A psicoterapia te ajuda a resgatar a sua autoimagem, a sua autoafirmação e a sua autoestima através da erradicação do comportamento perigoso de criticar e de julgar.
15-A vida dentro de casa mostra a nossa capacidade de agradecer, do quanto somos gratos por tudo que temos ou somos. Espírito de gratidão! Cabe aqui também o ato de celebrar conquistas! Na verdade é o ato de ficarmos felizes com aquilo que pedimos e conquistamos. Quantos de nós ficamos realmente felizes com nossos desejos atendidos? Gratidão decorre da Devoção, da nossa crença em algo maior que nós, que elegemos como Divino. Popularmente damos a isto o nome de espiritualidade. A pandemia está sinalizando um caminho onde colocaremos o espiritual a serviço da nossa vida cotidiana.
Reflita: O que você descobriu sobre a sua capacidade de agradecer, de celebrar, de devotar-se e de se conectar com o Universo? A psicoterapia te ajuda a se sentir feliz com tudo que tem e abre as portas para a tua espiritualidade,
16-A vida dentro de casa mostra a nossa capacidade de adaptação. A palavra “adaptar” nos dicionários significa: ajustar(-se), acomodar(-se) ou encaixar(-se) [uma coisa a outra]. modificar (algo) para que se acomode, se ajuste ou se adeque (a uma nova situação, um determinado fim, um meio de comunicação etc.). Adaptação está ligada à aceitação. A palavra “aceitar” nos dicionários indica consentir em receber, estar de acordo ou conformar-se. A pandemia é revolução, exigindo de nós aceitarmos a realidade e fazer o melhor, aceitarmos o caos e dar nossa contribuição para a ordem. No livro “Quem Mexeu No Meu Queijo” a orientação que o duende nos dá é: “Mudou? Mude também”!
Reflita: O que você descobriu da sua capacidade de aceitar e adaptar-se? A psicoterapia te ajuda a aceitar a si mesmo(a).
E assim, estamos todos nós mergulhados nesta pandemia, mas, será que nós entraríamos numa floresta sem a ajuda de um guia? A psicoterapia torna-se uma bússola de fundamental importância ajudando-nos  a gerenciar nossas emoções a fim de trafegarmos com mais segurança entre as árvores de uma nova realidade.
E você, mergulhado(a) na turbulência, não suportando mais a vida doméstica, mergulhado(a) na ansiedade e depressão, querendo o retorno da vida antiga que tinha o mais rápido possível, que tal gerenciar as suas emoções através da nossa ajuda?
Tendo em vista que os atendimentos presenciais estão suspensos temporariamente, estamos prestando atendimentos via on line. Agende, conosco, uma consulta ou pelo Skype (meu ID é Farranha60) ou pelo Whatsapp (chat ou vídeo) enviando um mail para farranha@uol.com.br
Desejo-lhe boas reflexões!
#psicanalise #projecaodesombra

sexta-feira, 17 de abril de 2020

De Volta...



DE VOLTA...
Por Silvio Farranha Filho – Psicanalista
Você estava pilotando o avião da tua vida. O coronavírus chegou e te obrigou a saltar numa quarentena. Ao saltar a questão é: onde você pousará? Num hospital? Em alguma casa?
O coronavírus instalou a quarentena. A quarentena obrigou as pessoas a ficarem dentro de casa. Ficar dentro de casa obriga cada um a realizar uma profunda reflexão sobre a sua própria vida.
Emocionalmente pousar é estar de volta, de volta à sua casa? ao lar? às relações familiares? às ligações íntimas?
Ficar na sua casa é você ficar consigo mesmo(a), realizar uma profunda reforma íntima. É rever suas crenças e convicções pessoais, sua escala de valores, seus paradigmas e a sentença que você segue de forma escrava. É observar o ritmo da própria vida, se está no automático, se no tanto faz, se na preguiça ou ver se está vivendo intensamente, sentindo, experimentando, tirando lições, vivenciando coisas gratificantes. É aprender a dar um momento só para si. É observar a própria conexão com a espiritualidade.  É reconhecer a importância do momento presente e destinar esforços para vencer a paralisia, a vida vazia, a depressão e  a ansiedade. É enxergar o real propósito e objetivo de vida e a qualidade da vida pessoal. Por fim, ficar em casa é cuidar de si.
Ficar no lar é encarar, de frente, a zona de conflitos. É enfrentar os conflitos agora. É dar novos significados ao lar. É resgatar o sentido de amor, compaixão, fé, coletividade e solidariedade. É examinar de como deixou o lar, a casa, e o mundo dos pais se foi em paz ou se foi no nunca mais. Se permanecendo no lar, observar de como está se conduzindo, se participante da administração do lar ou como predador, exigindo ser servido. Ficar no lar é enxergar a si mesmo(a).
Ficar nas relações familiares é ter a coragem de olhar para as verdades desagradáveis a seu respeito. É enxergar o quanto está sendo imaturo(a) nos relacionamentos. É enxergar o seu caráter manipulador. É enxergar a sua necessidade de ter poder e controle, de colonizar o outro. Ficar nas relações familiares é compreender a capacidade de estabelecer relações.
Ficar nas ligações íntimas é ter a suprema coragem para olhar para o que foi danificado. E neste caso é imprescindível a ajuda profissional. Olhar para a violência, para presença do desrespeito e abuso no ambiente íntimo do qual nos originamos. Ficar nas ligações íntimas é abrir um espaço para se adentrar na esfera do perdão,  para a capacidade de perdoar a si próprio e a conceder o perdão ao outro. Ficar nas elações íntimas é abrir caminhos para perdoar e ser perdoado.
Você, em que instância ocorre a sua zona de conflitos? Dificuldade em cuidar de si? Dificuldade em enxergar a si mesmo(a)? Dificuldade em estabelecer relações sociais? Dificuldade em conceder e/ou receber perdão? Saiba que a psicoterapia é um canal fundamental para o mergulho no mundo interno,
Estando dentro de casa, por conta da quarentena,  apresento-lhe alternativas para você fazer psicoterapia. 1- email (farranha@uol.com.br); 2-Skype (ID Farranha60); Whatsapp (11)98929-2108 Spaço Natureza&Terapias com as opções de Clínica Social e Projeto SOS Imunidade.
#psicanalise   #projecaodesombra


segunda-feira, 6 de abril de 2020

Tomada de Consciência!


TOMADA DE CONSCIÊNCIA!
Por Silvio Farranha Filho – Psicanalista

O que é tomada de consciência?

Tomada de consciência é um processo onde realizamos o despertar de um ciclo vicioso de uma situação, contexto ou realidade que são vividos de forma mecânica, automática e indefinidamente. Aquilo que chamamos de estar no “piloto automático”. Tomada de consciência é o momento de repensar as coisas, parar para enxergar aquilo que desejamos, mas que nunca fazemos nada para manifestar em nossas vidas. Há um termo próprio para isto: Despertar Consciencial.

O que é o coronavírus?

Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China manifestou-se uma doença diagnosticada de Coronavirus – Covid-19 com alta taxa de mortalidade, onde o vírus se alastra com impressionante rapidez, sendo diagnosticada de pandemia, por envolver o planeta inteiro com infecções e mortes. Em todos os países da Terra, seus governos encontraram uma forma para combater o alastramento deste vírus através do confinamento das pessoas dentro de suas casas, impedindo-as de exercerem a vida externa, a vida social. Esta medida tomou o nome de “quarentena obrigatória”.

O que é a quarentena obrigatória?

Esta medida governamental mundial impõe a cada pessoa de ficar dentro da sua casa para evitar a alta contaminação do vírus. Evitar o contato social externo. Os primeiros estudos apontaram que o vírus não se propaga pelo ar e sim, por contato. As medidas preventivas é lavar as mãos e evitar tocar a boca, o nariz e os olhos, portas de entrada do vírus.

O lar então tornou-se o porto seguro contra a enfermidade. As pessoas, então, dentro de suas casas, de seus lares, entram em contato com a vida íntima, com as ligações íntimas, com as relações familiares, porque não há mais vida fora de casa.

Assim, as pessoas, as famílias, os lares, a vida íntima, as relações familiares, durante o período de quarentena, entram obrigatoriamente no processo de despertar suas consciências sobre sua capacidade de se relacionar tanto individual quanto coletiva. Capacidade esta que será levada à reconstrução da vida externa.

E o primeiro passo para a tomada de consciência é:

Você já se deu conta de que quando o vírus acabar o mundo que você conhecia não existirá mais?

Os desdobramentos que se farão sentir após a passagem do vírus afetará real e profundamente a sociedade em todas as suas camadas, tanto socioeconômica quanto política, fazendo com que cada pessoa conheça o verdadeiro significado da palavra ‘MUDANÇA’. As áreas da vida de cada pessoa, a espiritual, profissional, financeira, corporal e afetiva terão seus valores profundamente modificados. Ninguém escapará de tal transformação.

Outra tomada de consciência é:

Você já se deu conta de que  o vírus está te obrigando a ficar em confinamento para que você faça uma revisão real, honesta e verdadeira de suas crenças pessoais, de seus valores e paradigmas?

Antes do surgimento desta doença, o Planeta Terra havia atingido a marca de sete bilhões e seiscentos milhões de habitantes. Quantos Planetas Terras existem? Somente um ou quase oito bilhões de planetas consolidados num único só? Isto quer dizer que existe o mundo, e dentro dele existe o mundo particular e individual de cada pessoa. O mundo é justamente a somatória do mundo de cada pessoa, da mesma forma que a casa total abriga a casa individual de cada morador. São tantas casas presentes dentro daquela mesma casa tanto quanto forem a quantidade de seus moradores.

Os desdobramentos da passagem do vírus trarão o caos, o fim da ordem existente e abrirão portas para a chegada de dois tipos de mundos. O mundo da felicidade e o mundo da infelicidade. Estes mundos serão para todos? Não!

Cada mundo será construído a partir dos valores de cada um, pois cada um só pode dar o que tem. O mundo da felicidade será construído por aquelas pessoas que se preocuparam em revisar suas crenças pessoais, que realizaram suas reformas íntimas em seu jeito de ser, de agir e de pensar, que erradicaram de si suas crenças perniciosas, que deram atenção ao seu mundo emocional e ao seu mundo espiritual. 

Estas pessoas já construíram dentro de si mesmas as bases reais da calma, da paciência e da confiança. Partirão para a construção do novo mundo contando exclusivamente com sua fé, criatividade, grande capacidade de amar e senso de solidariedade, criatividade, intuição, inteligência e muita vontade de trabalhar. Tudo isto conquistado através de um grande esforço pessoal, num processo passo-a-passo ao longo do tempo. Pessoas que fizeram esta escolha pessoal por vontade própria.

E as pessoas que não se atentaram para esta nova realidade? Não se anteciparam para estas mudanças? Aquelas pessoas que não se preocuparam com a moralidade? Com a integridade? Com a responsabilidade? Com o respeito às leis, às normas e aos regulamentos, à pontualidade, aos seus direitos e os das demais pessoas? Que não deram valor ao trabalho? Ao compromisso, à coerência? Que não produziram nada? Que não se preocuparam com poupança e investimentos? Que não desejaram se superar? Que não buscaram se conhecer realmente? Que não deram valor à ordem e a limpeza? Que viveram na preguiça e no julgamento? Que viveram a crença interna do levar vantagens com isto não desenvolvendo a solidariedade dentro de si mesmas?

O que acontece às pessoas que não se preveniram da chegada de uma enchente, não deram atenção aos avisos recebidos e de repente se viram dentro dela?

O impacto das mudanças será tão cruel que elas não terão para onde correrem, serão arrastadas pela correnteza, pois as pessoas que despertaram as suas consciências estarão tão  sobrecarregadas de responsabilidades que não terão mais o tempo que tinham disponíveis para dar colo, calor e aconchego.

Outra tomada de consciência é:

Você já se deu conta de que  o confinamento te conduz à reflexão sobre o seu poder pessoal de escolher?

 A ordem geral é: ficar em casa! Isto não quer dizer que se você sair de sua casa você pode contaminar quanto ser contaminado contribuindo pela expansão do vírus? Está se dando conta de que a sua escolha pessoal pode ser a diferença entre a vida e a morte de outra pessoa? O mundo que te chegará será o resultado das suas próprias escolhas pessoais.

Outra tomada de consciência é:

Você já se deu conta de que voltando para casa, para o lar, para a família, para os entes queridos você obrigatoriamente irá resinificará os conceitos de amor, casa, casamento, lar, família, filhos, os respectivos papéis sociais de mãe, pai, marido(parceiro), esposa(parceira), gênero homem, mulher, etc.

Encontraremos novos significados dos relacionamentos fraternais, familiares, afetivos. Daremos novo significado ao nosso lar, ao lar de nossa origem, depois estenderemos estes valores para a sociedade.

Sim! Tudo passa, tudo passará, esta pandemia também irá passar. É hora de voltarmos para o nosso interior e encontrar nosso centro, nossa essência. Pois é só o que teremos para enfrentar as tormentas que se tornarão inevitáveis.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Julgamentos!


JULGAMENTOS!
Por Silvio Farranha Filho – psicanalista

«Não julgueis e não sereis julgados... » Jesus (Lucas 6,37)
«Não é o que entra pela boca que contamina o homem,
 mas o que sai da boca, porque procede do coração» Jesus (Mateus 15; 18-19 )

Examinando estes dois ensinamentos deste Supremo Avatar à luz do processo de Projeção de Sombra, encontraremos coisas bem interessantes.

A Física nos diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo no mesmo espaço. Para compreender o que uma pessoa está falando seria preciso entrarmos dentro dela, ver o que ela vê e sentir o que ela sente, para falarmos o que ela está falando. Se pudéssemos fazer isso, nós seríamos ela e não nós mesmos.

Só podemos compreender o outro a partir de nós próprios, do nosso ponto-de-vista, da nossa perspectiva. Isto quer dizer que somete interpretamos o outro.

Eis o que acontece. Ocorre um fato. Ao olharmos o fato interpretamos e damos a resposta ao fato com um juízo de valor acrescido de nosso conteúdo interno.

O processo é simples. O nosso olhar, assim como os demais órgãos dos sentidos captam a informação. A informação é transportada para o nosso sistema corpo-mente. A informação passa pelo crivo da nossa história de vida, pelas nossas crenças e valores e dispara os gatilhos de nossas experiências em relação ao fato. Isto resulta num sentimento o qual será associado à nossa interpretação. Somos escravos deste sentimento gerado. Ao darmos uma resposta ao fato colocamos algo a mais de nós, (que é o sentimento gerado) que entrará no outro como mensagem subliminar.

Na interação com o outro não estamos ouvindo exatamente o que o outro está dizendo, estamos ouvindo conforme os nossos ouvidos pois cada palavra que ouvimos dispara os gatilhos das coisas que estão em nosso íntimo. Quanto mais ouvimos, mais estamos perturbados com as nossas coisas.

O problema fica agravado porque não entramos em contato real com o outro, nós nos relacionamos com o outro a partir de nossas interpretações. Aquilo que vemos no outro, não pertence ao outro, e sim, exclusivamente a nós. Em outras palavras projetamos. Tudo na vida é relacionamento e todo relacionamento é projeção e toda projeção é JULGAMENTO!

Assim, estamos julgando quando:
-analisamos, comparamos, falamos de algo e/ou comentamos um fato.
-emitimos uma opinião.
-quando criticamos, censuramos e/ou emitimos juízo de valor.

Tudo que sai de nós é julgamento, abrimos a boca e... já estamos julgando!
Julgamos com extrema rapidez de acordo com a nossa “verdade”. Esta “verdade” é a nossa Sombra (coisas recalcadas, reprimidas, negadas, que escondemos dos outros por medo e vergonha). Somos julgadores e por tabela... também somos julgados!

Um pequeno exemplo. A frase “O que os políticos só sabem fazer é roubar”!
Ao dizer isto aquele algo que tanto incomoda o emissor é justamente o roubo, mas que ele esconde de si mesmo e dos outros. 

Para sair deste tipo de projeção basta completar a frase: “Os que políticos só sabem fazer é roubar... assim como eu... como eu faço... etc.”. O outro  reflete quem somos.

Para sairmos das projeções e termos uma troca mais honesta e saudável podemos fazer o seguinte: Ao ouvirmos, perguntar: “O que acabei de ouvir é exatamente o que você realmente disse?. Ao falarmos, perguntar: “O que você entendeu do que eu disse?” e por último é ouvir o que estamos dizendo.

Como projetamos sobre o outro e o outro também projeta sobre nós, todos somos vítimas!