Eu

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O iceberg tem como propriedade a sua parte acima da superfície representa apenas 20% de seu tamanho total. Os restantes 80% ficam submersos. Por analogia, 20% do que sabemos sobre nós, está no nosso consciente e os 80% que não sabemos sobre nós, estão no nosso inconsciente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A QUESTÃO DA IDENTIDADE PESSOAL !





  Quem é você? O que você deseja exatamente? 

   Ao nascermos temos uma importante missão: saber quem realmente somos exatamente e o que desejamos na vida, de fato. Esta tarefa irá consumir toda a nossa existência. 

   A nossa cédula de identidade – o RG é o documento que nos reconhece como cidadão brasileiro, é a nossa identidade pessoal, a nossa afirmação e a nossa individualidade como brasileiro. Isto quer dizer que somos únicos no mundo enquanto brasileiros e somos únicos entre os brasileiros. Assim a nossa identidade pessoal está atrelada à nossa auto-afirmação e tudo aquilo em que nos auto-afirmamos está a nossa identificação. O cartão bancário nos afirma como correntista. Os clubes de futebol contratam jogadores que amam jogar futebol. 

   Vivemos cinco áreas da nossa vida ao mesmo tempo: a espiritual, a profissional, a financeira, a corporal e a afetiva. Em todas elas temos a necessidade de nos identificar, ou seja, reconhecer a nossa identidade espiritual, nossa identidade profissional, etc. Noutras palavras: dentro da área financeira, por exemplo, devemos saber quem somos e o que queremos em matéria de dinheiro. O mesmo se dá com todas as áreas. 

   Todas estas identidades são temporárias, só valem enquanto o contexto faz sentido para a nossa vida. Ex. a identidade profissional pode durar até a aposentadoria, a identidade de solteiro termina com o casamento. Elas são administradas por uma personalidade central, que é a nossa verdadeira identidade, mais conhecidas por Eu Interior. O Eu Interior controla todas as expressões dos demais Eu’s temporários.  

   O nosso Eu Interior dentro de um papel social, se expressa num eu temporário pertencente àquele papel. Exemplo. No papel social de filho, o Eu Interior se expressa como Eu-filho. Quando nos tornamos órfãos, perdemos este papel, pois o eu-filho volta a se integrar ao Eu Interior. 

  Os Eu’s temporários se expressam nos papéis sociais de filho, pai, mãe, professor, religioso, amigo, marido, mulher, irmão, funcionário, larápio, etc. e são conflitantes entre si. No exercício dos papéis sociais podemos perceber nossa expressão, nossa identificação, se “somos” ou se “estamos” aquele papel. Um exemplo disso é uma pessoa admitida na empresa no cargo e assistente. Ela “é” assistente ou ela “está” assistente? Claro que vai depender de como ela se afirma. Tempos depois ela é promovida a gerente. Qual era a identidade dela quando foi admitida? E quando foi promovida? 

   A tarefa é perceber onde está a identificação. Identificar-se com o papel é achar que se “é” o papel, quando na verdade sempre se “está” no papel, enquanto ele durar. Se não estivermos atentos a este detalhe correremos riscos de entrarmos em sérios conflitos emocionais. 

   Os conflitos emocionais começam no instante que reconhecemos que as coisas não saem do jeito que queremos. O conflito avisa que perdemos nossa identidade pessoal, ou nossas referências internas, naquela situação. No exemplo citado, a pessoa enquanto estava no cargo de gerente recebia muitos presentes. Quando deixou a gerência e se tornou assistente parou de recebe-los e passou a sofrer muito porisso. Isto acontece porque ela tem dificuldade em reconhecer que ela não “era” gerente, mas “estava” gerente, e os presentes eram dados ao cargo dela e não à pessoa dela. 

   A perda do papel social, ou da identidade atrelada a ele, leva a pessoa a sofrimentos terríveis. O emocional fica abalado, ela enlouquece, perde-se o chão, atrai a doença do pânico. Ainda no caso, a pessoa perdeu a gerência, apenas o cargo e não a identidade pessoal, mas como a identidade estava atrelada ao cargo, ela perdeu-se a si mesma! 

   Desidentificar-se do papel é reconhecer que não se é o papel, mas se “está” nele temporariamente para aprendizado de saber quem somos. Podemos perceber nossa identidade pessoal de várias formas: a-quando ouvimos as pessoas que nos conhecem afirmando que “somos” bons nisso/naquilo, b-através do nosso hobby, c-pelas nossas escolhas, d-nas reflexões, qual é então a minha verdadeira identidade? Uma vez desligados dos eus provisórios, quem de fato sou eu? 
      
   Quando perdemos a nossa identidade pessoal, nos conflitos, ficamos vazios, sem conexões, à deriva, medo terrível de tudo, de todos. Procuramos, então, por algo que nos dê razão, sentido de vida. Assim que encontramos esse “algo”, que é na verdade o contato com o nosso Eu mais profundo, vislumbramos a nossa verdade interna, como resultado resgatamos a nossa verdadeira identidade e podemos expressa-la naquele papel social adoecido fazendo escolhas melhores, mais saudáveis, enquanto no exercício do papel. É assim que resgatamos a nossa identidade pessoal. 

   É muito importante diante dos conflitos ou em meio ao caos, uma parada para refletir: Quem eu sou verdadeiramente? O que me dá a plenitude de eu ser eu mesmo? O que as pessoas que me conhecem dizem quem eu sou? Em que momento eu digo com orgulho, este sou eu? O que eu quero exatamente nesta questão?  
    
    Não precisamos ficar preocupados por não encontrarmos estas respostas dentro de nós, de prontidão. Como no mito do Santo Graal não é a resposta pronta que cura o rei, mas a busca pela resposta. Assim, nossa busca incessante de saber quem somos e o que queremos honestamente, dentro dos conflitos, aos poucos, vai resgatando a nossa identidade pessoal, vamos de pouco a pouco nos curando emocionalmente. 

Por Silvio Farranha Filho, psicanalista 



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