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Lembram-se das aulas de Contabilidade? Análise de balanço?
O objetivo deste ensaio é transportar para o nosso lado emocional, alguns
princípios desta maravilhosa ciência, a fim de auxiliar-nos a perceber nossos padrões
emocionais e ritmo de vida, projetados na nossa vida financeira.
Vamos criar um balanço financeiro hipotético. Uma
pessoa está insatisfeita com sua situação financeira e deseja realizar mudanças.
Em determinado mês, ela escreve como utilizou o seu
dinheiro.
Mês 01
R$ 450,00 + Conta
A
R$ 280,00 + Conta
B
R$ 185,00 + Conta
C
R$ 85,00 + Conta D
===============
R$ 1.000,00 = Total
Vamos transportar estas informações para percentuais.
Abriremos a coluna % para identificar o quanto cada conta corresponde ao total
pago. Para isto, divide-se o valor de cada conta pelo total geral.
Mês 01 %
R$ 450,00 +
Conta A 45,0%
R$ 280,00 +
Conta B 28,0%
R$ 185,00 +
Conta C 18,5%
R$ 85,00 + Conta D 8,5%
===============
R$ 1.000,00 = Total 100%
A leitura da tabela é feita assim. A Conta “A”
representa 45% do total pago. A Conta “B” 28%, a Conta “C” 18,5% e a Conta “D”
8,5%.
Para iniciar a análise emocional vamos criar uma nova
coluna, que chamaremos de P/E, onde “P” é igual a Prazer e “E “é igual a Estresse.
O objetivo é avaliar a sensação/sentimento no exato momento de se efetuar cada
pagamento, classificando em P ou E ao lado de cada conta. A classificação ficou
assim:
Mês 01 % P/E
R$ 450,00 +
Conta A 45,0%
P
R$ 280,00 +
Conta B 28,0% E
R$ 185,00 +
Conta C 18,5% E
R$ 85,00 + Conta D 8,5% E
===============
R$ 1.000,00 = Total 100,0%
Faremos, agora, análise vertical. O objetivo é
identificar “focos” emocionais. A análise vertical é feita analisando cada
conta em relação ao total.
Vamos atribuir uma base para os 100%. Neste caso
100% = Emoção, também pode ser Energia, Tempo, Dinheiro, Criatividade, etc.,
desprezando-se a coluna valor. A tabela fica assim.
Mês 01 % P/E
Conta A 45,0% P
Conta B
28,0% E
Conta C
18,5% E
Conta D 8,5%
E
===============
Emoção
100%
Refletindo:
A pessoa consome 45% da sua emoção, pagando a Conta “A”
em caráter prazeroso.
Já a Conta “B” consome 28% da emoção, e é a mais
estressante. Tem-se aqui um foco. Ela é a ofensora do emocional da pessoa.
As três contas classificadas como estressantes (Conta
“B”, Conta “C” e Conta “D”) juntas formam 55% do total da emoção da pessoa.
Isto indica que ela não vive no prazer, pois gasta menos da metade de sua
emoção (45%) em pagamentos prazerosos.
O resultado dessa análise é: Ela trabalha o mês todo
e gasta 55% da sua emoção pagando contas estressantes.
Se ela continuar utilizando sua emoção desta
maneira, podemos projetar que em um ano, permanecendo estes pontos percentuais,
apenas 45% do ano será no prazer e os restantes 55% vividos no estresse. Ela
correrá o risco de atrair uma entre duas possibilidades: criar gastos extras
para compensar a instabilidade emocional, com sérios prejuízos financeiros, ou
atrair doenças.
A título de exemplo, a Conta “B” foi classificada
como a ofensora da emoção, assim, esta conta se torna o desafio para ela, em como
torná-la prazerosa. Esta é uma das mudanças que poderá fazer.
Em caso de se atingir tal objetivo o quadro fica
assim:
Mês 01
% P/E
Conta A
45,0% P
Conta B
28,0% P
Conta C
18,5% E
Conta D
8,5% E
===============
Emoção
100%
O resultado aponta que 73% do emocional (45% de “A”
+ 28% de “B”) está no prazer. Então, a atividade de pagar as contas torna-se
extremamente prazerosa e, como conseqüência, a pessoa terá mais saúde
emocional. Vejamos que é saudável emocionalmente ter uma parcela de estresse,
neste caso 27%.
No segundo mês a classificação das contas ficou
assim:
Mês 02
%
R$ 350,00 + Conta A 35,0%
R$ 365,00 + Conta B 36,5%
R$ 185,00 + Conta C 18,5%
R$ 100,00 + Conta D 10,0%
===============
R$ 1.000,00 = Total
Faremos, agora, uma outra análise, a análise
horizontal. O objetivo é identificar “padrões” e “ritmos” emocionais. A análise
horizontal é feita através de um comparativo de cada conta dentro dos meses
apontados, tendo o Mês 01 como referência. Subtrai-se o Mês 01 do Mês 02 e
divide-se o resultado pelo Mês 01. Se o valor da diferença for positivo,
ocorreu uma redução emocional. Se for negativo ocorreu um aumento emocional.
A tabela fica assim:
Contas
P/E Mês 01
Mês 02
Conta A P 45,0% 35,0%
Conta B E 28,0% 36,5%
Conta C E 18,5% 18,5%
Conta D E
8,5%
10,0%
===============
Emoção
100%
Refletindo:
Houve uma redução de 22% da Conta “A” no Mês 02 em relação ao mês 01. Esta redução sinaliza
que ocorreu uma perda da capacidade de sentir prazer. As mudanças podem ocorrer
através dos questionamentos.
O que provocou esta redução?
A Conta “B” continuou ofensora e apresenta um aumento
de estresse na ordem de 30% do Mês 02 para o Mês 01. O que está mantendo esta conta
ofensora? O que provocou este aumento? Mantendo-se os mesmos pontos
percentuais, em três meses, a vida emocional da pessoa estará crítica, com
risco de precipitação de doenças.
A Conta “C” permanece estável. O que está mantendo esta
estabilidade?
A Conta “D” apresenta um aumento de 18% no nível de
estresse. O que provocou este aumento?
As três contas estressantes, que no Mês 01
representaram 55% da emoção da pessoa, no Mês 02 elas passaram a representar 65%.
Houve, então, um aumento de estresse na ordem de 18%. É um fator alarmante,
pois um incêndio nunca começa grande, é sempre pequeno. Este percentual indica
que está nascendo um “ritmo”, que algo está acontecendo e precisa ser identificado
com urgência, sob pena da pessoa atrair uma séria somatização em pouco tempo.
Uma vez que a depressão é a perda gradual da
capacidade de sentir prazer, este aumento está sinalizando que talvez haja um
padrão depressivo se expressando no ato de pagar contas.
O resultado é este: a pessoa, do Mês 01 para o Mês
02 perdeu 18% da sua capacidade de sentir prazer quando foi pagar a suas
contas.
Cada conta tem um fator emocional atrelado a ela.
Outra proposta de mudança é avaliar este fator emocional, não no ato de
pagá-la, mas no exato momento de se contraí-la.
Continuamos com o foco na Conta “B” por ser a
ofensora da emoção.
Imaginemos que esta conta seja o pagamento da fatura
do cartão de crédito.
Emocionalmente o cartão de crédito atua da seguinte
forma. A pessoa tem desejos. Se depender exclusivamente do seu contra-cheque, levará
30 dias para atendê-los, e neste período ficará exposta à instabilidade
emocional. Então, o cartão de crédito vem para reduzir ou eliminar este tempo
de exposição, tempo zero de dias na necessidade, com a vantagem do pagamento de
uma pequena parcela, sem afetar o desempenho financeiro.
Acontece que no mesmo período de tempo, outras
necessidades aparecem. Daí o estresse na hora de fazer o pagamento da fatura.
Uma vez feita a conta, ela deve ser paga, mas pode-se
refletir sobre a necessidade escondida atrás do ato de fazer a compra, antes do
uso do cartão. Ao se comprar algo, também se compra uma compensação emocional.
Se a pessoa compra algo de valor, no seu subconsciente, ela pode estar
comprando valorização pessoal, através daquela compra. Se for algo de status, pode
estar comprando auto-estima. A questão é refletir no ato da compra: O que ela
está comprando através dessa compra? Ela pode adquirir a mesma compensação
emocional de outra forma? A compensação emocional que busca está também
afetando outros itens do balanço?
Como vimos, este ensaio hipotético baseou-se na
emoção experimentada no ato de se efetuar o pagamento de uma conta, pois o
pagamento de conta reflete a compensação emocional pelo trabalho que se realiza
a cada mês. Muitas vezes se reclama do quanto se trabalha, mas o fator que
coloca pessoas doentes é a forma como se paga a conta.
O balanço emocional é uma maravilhosa ferramenta
para o nosso autoconhecimento, ver a nós próprios através do nosso
comportamento com o dinheiro. Uma vez que o dinheiro é emocional e está
presente em todas as áreas da nossa vida, o balanço financeiro emocional
permite conhecer nossa vida espiritual, financeira, profissional, corporal e
afetiva. Ele é muito rico em informações permitindo um sem-número de
cruzamentos, com vantagem de ser uma atividade muito prazerosa.
Por Silvio Farranha Filho - psicanalista
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