bem versus mal - coisasdobardo.blogspot.com
Antes de desenvolvermos este ensaio apresentamos o
conceito de opostos complementares. Um pólo é ligado a um outro pólo
completamente diferente, seu oposto, mas que se complementam. Um depende do
outro para existir. Se um for eliminado, o outro também será. Quanto mais um
pólo ficar ativo, mais o outro tenciona, até que ocorra a precipitação ao pólo
oposto. Exemplo: guerra e paz.
Apresentamos também a outra pilastra deste ensaio, a
informação obtida nos manuais científicos e esotéricos de que o nosso cérebro
rejeita a dor e busca o prazer, que também, rejeita o desconhecido e se fixa no
que é conhecido.
Assim, desenvolveremos o jogo dos opostos, Sombra e
Luz, no passo-a-passo, sendo Luz o pólo onde há tudo o que eu quero, que está
no meu consciente e Sombra, seu pólo oposto, sendo tudo o que eu não quero e
que está no meu inconsciente.
Observe este desejo: Eu quero ser feliz! No primeiro
momento há algum problema com este desejo? Vejamos este mesmo desejo de uma
outra forma. Eu quero... se eu quero, é porque eu quero algo, quero ser ou ter.
Se quero é porque não tenho ou não sou. Então, neste caso, eu quero ser feliz!
Este desejo está no pólo Luz.
Se eu quero ser feliz é porque eu não sou feliz. Se
eu não sou feliz, então, quem eu sou?
Pronto, eu me precipitei para o pólo oposto.
EU SOU INFELIZ!
Este sentimento está no pólo Sombra.
Se o cérebro rejeita o desconhecido e fica no
conhecido, então, no pólo Luz o desejo de ser feliz NÃO EXISTE, pois estou
querendo ser o que eu não sou. Ser feliz é algo que o meu cérebro não conhece.
Já no pólo Sombra existe o quem eu sou realmente e tudo que sempre faço para me
tornar uma pessoa infeliz!
No pólo Luz, aceito o desejo de querer ser quem eu
não sou. No pólo Sombra eu rejeito a idéia de ser quem eu sou verdadeiramente.
Se no pólo Luz estou querendo ser quem não sou,
então, minhas escolhas, decisões e atitudes JAMAIS alcançarão o desejo de ser
feliz, pois este desejo é irreal, uma ilusão. Se é uma ilusão, então é uma
PROJEÇÃO! Uma projeção mental que me faz viver sempre nela. Esta projeção se
transforma na minha MÁSCARA! Aquilo de mim que eu mostro aos outros. Eu minto a
mim mesmo que sou feliz!
No
pólo Sombra, ao rejeitar quem sou, então, minhas escolhas, decisões e atitudes
REFORÇAM ainda mais a minha infelicidade, pois a infelicidade é a minha
REALIDADE, algo de que não posso fugir, pois eu só sei ser infeliz e isto eu
não desejo mostrar a ninguém.
Se no pólo Luz as minhas atitudes não trarão os
resultados desejados, então minhas atitudes são uma busca frenética por prazer,
anestésicos, satisfação, coisas substitutas, distrações. Estou numa NEUROSE,
sendo quem eu não sou, procurando por algo que não existe.(*) No pólo Sombra
minhas atitudes são para negar, recalcar, reprimir, sublimar o que de fato
existe, isto me levará ao constante comportamento de fuga. Fugir do que é
conhecido. Fugir da infelicidade, FUGIR DO VAZIO!
Se no pólo positivo vivo uma busca frenética por
prazer, então, no pólo negativo minhas ações são para fugir da DOR! Ser quem eu
sou dói! A minha realidade é composta por sentimentos de mágoa, decepção,
frustração, ressentimentos, desejos de vingança, intolerância, “raivinhas” e
ódio. Estes sentimentos são sustentados por crenças perniciosas, secretamente
escondidas, tais como: crença na falta e na escassez, crença num mundo hostil e
perigoso, crença no abrigo, proteção e porto seguro, crenças estas nascidas no
ambiente familiar da infância. A crença mais difícil de se erradicar, a mãe de
todas as outras, é a crença no sofrimento, a identificação com o sofrer. Estes
sentimentos não criam a menor disposição para se mexer neles.
Se no pólo Luz, ao alcançar-se um desejo, a sensação
de prazer não for total, não “zerar o cronômetro”, não preencher um vazio
interior, é indicativo de um conflito e todo conflito nasce quando percebemos
que as coisas não estão saíndo do jeito que queremos. O problema pode estar ou
no objetivo desejado ou na sensação esperada. O prazer a ser atingido deve ser
total, pleno, assim como o desejo de beber água quando se está com sede. Ao
beber a água a sensação de sede acaba. A busca se torna frenética quando o seu
objetivo é para evitar os momentos vazios, a ausência de prazer, a distância
entre um prazer e outro.
No pólo Sombra, justamente quando se experimenta o
prazer que a projeção proporcionou, o que é rejeitado se manifesta mostrando
que o prazer alcançado não é suficiente. Tenta nos chamar a atenção
escapando-se nos intervalos entre os prazeres ou mesmo na saciedade. É quando
alcançamos o prazer que a Sombra se manifesta. É sempre um tormento, tanto na
Luz quanto na Sombra! Se no pólo Luz a busca frenética não dá a sensação de
saciedade, na Sombra o descaso aos sentimentos difíceis nos faz enlouquecer.
Quanto mais tento ser quem não sou, mais reforço quem sou.
Se no pólo Luz a busca frenética termina na
depressão, ansiedade e frustração. No pólo Sombra o descaso leva ao acidente, à
doença e à morte. É porisso que a Sombra é extremamente perigosa enquanto não
for enxergada, pois suas conseqüências sociais são: ou hospital, ou cadeia ou cemitério.
No pólo Luz, a saída deste pólo é responder com
muita sinceridade duas questões fundamentais: 1a.- Quem sou eu? – 2a.
o que desejo, realmente? É a oportunidade que o pólo Sombra aguarda com tanto
desejo para se apresentar. Já a saída do pólo Sombra é através do verbo
ACEITAR. Aceitar o que é! Encarar frente a frente os sentimentos difíceis.
Conversar com a realidade e JAMAIS, jamais tentar MATAR a Sombra! Assim a
Sombra se integra à Mascara, porque a realidade é transformada. A Máscara vai
reinando até que a Sombra se manifeste, provocando mudança. A Sombra passa a
reinar até que nova Máscara venha a se manifestar. Neste jogo, neste ritmo,
Jung denominou alcançar a “ideação” e os esotéricos de alcançar a iluminação.
Se a escolha pessoal for a de permanecer
indefinidamente no pólo Luz, uma das conseqüências a ser enfrentada é a rota de
colisão com a ansiedade, a frustração, a depressão e às constantes repetições.
Se a escolha for a de permanecer sempre no pólo Sombra, negando-o, a
conseqüência direta é o desespero. Em muitos casos, este sintoma, leva a pessoa
a buscar o set terapêutico.
Vejamos, se um pólo está muito excitado, provoca a
manifestação do pólo oposto. Assim, mesmo que a escolha for permanecer no pólo
em que se está, há, no entanto uma forma de se viver bem com ele. O atalho é
justamente este: ACEITAR! Ou aceite a sua máscara ou aceite a sua sombra, em
outras palavras, viva bem com a vida que tem, com o dinheiro que tem, com o
cônjuge que tem, com a religião que tem, com o corpo que tem, com o trabalho
que tem. Aceite o que é, aceite o que tem! Viva “desencanado”!
Já a permanência perniciosa no pólo Luz é percebida
pelas frases: Eu quero..., pois tudo o que vem depois desta frase não existe.
Eu não aceito..., demonstra intolerância! Eu não consigo.. no fundo Eu não
quero. É difícil... no fundo Eu não quero! A permanência no pólo Sombra se
percebe através das sensações de desconforto, incômodos, irritação e
insatisfação. Quando estes sintomas começam a ser percebidos na vida da pessoa,
é chegada a hora dela entrar em contato com o que é rejeitado, escondido,
negado. O pólo Sombra está se manifestando.
Então o caminho da Sombra é a resolução?
Vejamos: Eu sou infeliz! Quais as vantagens de eu me
tornar uma pessoa infeliz? Estou recebendo mais atenção, amor, dinheiro por ser
infeliz? Se uma pessoa através de sua doença recebe mais afeto, deve-se, então
curar sua doença? Qual o sentimento central que sustenta a minha infelicidade?
Qual sua origem? Estou realmente interessado em abrir mão dele? Tenho
identidade no sofrimento? Em qual situação eu fiz a escolha real pelo prazer?
Agora o outro caminho: Vou viver realmente quando me aposentar! Quando alcançar
a renda de ... não precisarei mais trabalhar! Ainda não encontrei a pessoa
certa!
Finalizando, para iniciar a percepção deste jogo
dentro de nós, será identificar primeiro o pólo Luz e depois identificar o seu
oposto complementar. Se a paridade não ocorrer, o desenvolvimento estará
comprometido, sob o risco de não se chegar ao que se é a partir do que se quer.
Experimente, então, responder estas questões: Quem é
você? O que você deseja realmente?
(*)Arthur Janov em “O Grito
Primal”
Por Silvio Farranha Filho – psicanalista
Por Silvio Farranha Filho – psicanalista
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