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O que acontece conosco quando recebemos uma ofensa?
Independente das nossas reações, dois sentimentos-relâmpagos afloram na hora:
dor e raiva! Porém, estes dois sentimentos são imediatamente recalcados ao
nosso subconsciente e no lugar deles advém a mágoa que toma conta do nosso
coração.
Ficamos, então, ocupados com a mágoa. Ela passa a
comandar as nossas atitudes, seja para com o ofensor, seja para com nós mesmos.
Dirigimos nossos esforços para remove-la do coração e nem sempre alcançamos
resultados positivos.
Diante das nossas atitudes em lidar com a mágoa, o
médico alemão T. Dethlefsen(*) aponta o processo que ela se utiliza para chamar
a nossa atenção sobre ela.
1o. Expressão psíquica (idéias, desejos,
fantasias)
2o. Distúrbios funcionais.
3o. Distúrbios físicos agudos
(inflamações, ferimentos e pequenos acidentes)
4o. Distúrbios crônicos.
5o. Processos incuráveis, modificação de
órgãos, câncer.
6o. Morte (por doença ou por acidente).
7o. Deformações congênitas e perturbações
de nascença (karma).
Uma das formas que recorremos para eliminar a mágoa é
através do perdão da ofensa, perdoar o ofensor. Muita vez conseguimos aceitar o
ofensor, sem conseguir, no entanto, erradicar a mágoa.
Por quê os esforços parecem não dar resultados?
Talvez pelo processo que utilizamos para compreender
a mágoa, compreensão, esta, que pode estar sendo passada de geração a geração.
Do ponto de vista emocional, a mágoa é a mascara que
encobre duas coisas:
a-
uma
dor profundamente enraizada;
b-
uma
raiva secretamente escondida.
Dor profundamente enraizada.
Quando nascemos, temos uma importante missão:
aprender a lidar com os acontecimentos difíceis da vida. Aprender a lidar com
casamentos, separações, familiares, parentes difíceis, morte de entes queridos,
desilusões, empregos, desempregos, vitórias, fracassos, escolhas certas ou
erradas, riquezas, perdas financeiras, saúde e doença, etc.
As bases destes aprendizados começam com os nossos
pais e vamos completando os ensinamentos com tudo o que aprendemos através das
nossas experiências pessoais com pessoas, situações e coisas que nos envolvem.
Nossos pais também aprenderam com os nossos avós, e
estes com os nossos bisavós e por aí vai. Então, a forma como se aprende as lições
da vida pode formar um padrão emocional familiar, ou seja, um único jeito de se
lidar com dada situação, que passa de pai para filho.
Então a dor que o ofensor nos promoveu pode estar
sendo vivida desde os nossos antepassados da mesma forma. Isto quer dizer que
estamos possivelmente ensinando nossos filhos o mesmo padrão de dor, e eles
ensinarão aos nossos netos.
Raiva secretamente escondida.
Duas energias são naturais no ser humano o amor e a
raiva. A raiva é uma energia canalizada para a produção da forma física na
vida. Ela bem canalizada gera o progresso. Mas, mal direcionada, ou voltada
contra nós próprios é imensamente cruel e prejudicial. A raiva deve ser
reconhecida e liberada e cabe ao nosso poder de escolha decidir qual a melhor
forma. O nosso poder de escolha pode, também, ser um padrão herdado de nossos
antepassados. Um exemplo: os nossos antepassados tinham o padrão de fugir dos
problemas reprimindo a raiva, por outro lado, seus membros estavam sempre
envolvidos com ferimentos e pequenos acidentes. Analogamente, o mesmo ramo
familiar atual tem o mesmo histórico de saúde.
É difícil reconhecer que podemos estar alimentando
uma raiva secreta por um dos nossos genitores, mas podemos ver, por exemplo, a
presença do câncer em diversos membros do mesmo grupo familiar.
Então, no momento da ofensa, a maldição de família
vem nos convidar a uma importante tomada de decisão: estancar sua trajetória ou
dar-lhe continuidade.
Percebemos que muitas estruturas familiares quebram
a maldição de família através da religião, filosofia, ou mesmo pela
psicoterapia. O que todas essas formas têm em comum?
A organização mental. A deliberação lógica e
imparcial. A mente independente. Todas elas oferecem uma estrutura de resolução
de problemas, cada uma com suas propriedades, mas com a mesma base: aprender a
raciocinar de forma lógica, coerente, imparcial, eliminando definitivamente a
crítica e o julgamento de valor.
Apresento um roteiro para exercitar o pensamento
independente, ciente de que cada pessoa irá encontrar o seu próprio jeito.
1o. Reconhecer qual sentimento que está
visível e focar a atenção ao sentimento que está escondido. É sempre uma crença
perniciosa que precisa ser reconhecida e erradicada, pois ela se esconde atrás
da dor e da raiva. Como os nossos pais são as primeiras pessoas que conhecemos
na vida, é interessante investigar como, quando e onde estes dois sentimentos
surgiram na relação com eles. Podemos fazer o seguinte, observar quem nos
ofendeu: se homem ou mulher. Se for homem, investigar se a dor e a raiva foram
originadas na relação com o nosso pai ou figuras masculinas que nos ajudaram na
nossa formação. Se for mulher, investigar nossa relação com a nossa mãe ou
figuras femininas. Isto indica a possibilidade de estar ocorrendo projeção ou
transferência de sentimentos.
2o. Observar o comportamento do clã
familiar diante da mesma questão. Isto permite identificar a presença de
possíveis padrões emocionais.
3o. Submeter o nosso jeito de fazer as
coisas aos critérios propostos por pela ciência, filosofia e religião, na busca
por paradoxos, incoerências, incompatibilidades, inconsistências. Vamos nos dar
uma chance em perceber que do nosso jeito as coisas não estão funcionando.
4o. Agora munidos de todas essas
informações, vamos para o exercício da mente. Promover elaborações mentais. Uma
forma de sabermos se estamos no caminho certo é perceber a intensidade dos
sentimentos. Se a forma que estamos utilizando mantém ou aumenta a intensidade
da raiva ou a dor, então, estamos no caminho errado, pois está havendo
julgamento de valor. Por exemplo: se o nosso clã familiar se identifica com o
sofrimento, então, o nosso lado “coitadinho de mim” é quem está fazendo a
análise, por conseqüência, a dor sempre aumenta. O caminho certo é a
erradicação da dor ou da raiva através da elaboração mental honesta, lógica e
imparcial.
O resultado esperado é a erradicação das crenças
perniciosas, que vem, de forma invisível, sendo passada de pai para filho.
Eliminada a crença, vai-se abrir um novo portal, tanto para nós quanto para as
nossas gerações futuras, para o nascimento de um novo jeito de aprender as
questões da vida, quebrando em definitivo a maldição de família.
(*)Fonte: “A Doença Como Caminho” - pág.83
Por Silvio Farranha Filho - psicanalista
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