Eu

Eu
O iceberg tem como propriedade a sua parte acima da superfície representa apenas 20% de seu tamanho total. Os restantes 80% ficam submersos. Por analogia, 20% do que sabemos sobre nós, está no nosso consciente e os 80% que não sabemos sobre nós, estão no nosso inconsciente.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

DE PAI PARA FILHO!

pai-e-filho - cantinhoprofetico.wordpress.com

O que acontece conosco quando recebemos uma ofensa? Independente das nossas reações, dois sentimentos-relâmpagos afloram na hora: dor e raiva! Porém, estes dois sentimentos são imediatamente recalcados ao nosso subconsciente e no lugar deles advém a mágoa que toma conta do nosso coração.

Ficamos, então, ocupados com a mágoa. Ela passa a comandar as nossas atitudes, seja para com o ofensor, seja para com nós mesmos. Dirigimos nossos esforços para remove-la do coração e nem sempre alcançamos resultados positivos.

Diante das nossas atitudes em lidar com a mágoa, o médico alemão T. Dethlefsen(*) aponta o processo que ela se utiliza para chamar a nossa atenção sobre ela.
1o. Expressão psíquica (idéias, desejos, fantasias)
2o. Distúrbios funcionais.
3o. Distúrbios físicos agudos (inflamações, ferimentos e pequenos acidentes)
4o. Distúrbios crônicos.
5o. Processos incuráveis, modificação de órgãos, câncer.
6o. Morte (por doença ou por acidente).
7o. Deformações congênitas e perturbações de nascença (karma).

Uma das formas que recorremos para eliminar a mágoa é através do perdão da ofensa, perdoar o ofensor. Muita vez conseguimos aceitar o ofensor, sem conseguir, no entanto, erradicar a mágoa.

Por quê os esforços parecem não dar resultados?

Talvez pelo processo que utilizamos para compreender a mágoa, compreensão, esta, que pode estar sendo passada de geração a geração.

Do ponto de vista emocional, a mágoa é a mascara que encobre duas coisas:
a-     uma dor profundamente enraizada;
b-    uma raiva secretamente escondida.

Dor profundamente enraizada.
Quando nascemos, temos uma importante missão: aprender a lidar com os acontecimentos difíceis da vida. Aprender a lidar com casamentos, separações, familiares, parentes difíceis, morte de entes queridos, desilusões, empregos, desempregos, vitórias, fracassos, escolhas certas ou erradas, riquezas, perdas financeiras, saúde e doença, etc.
As bases destes aprendizados começam com os nossos pais e vamos completando os ensinamentos com tudo o que aprendemos através das nossas experiências pessoais com pessoas, situações e coisas que nos envolvem.
Nossos pais também aprenderam com os nossos avós, e estes com os nossos bisavós e por aí vai. Então, a forma como se aprende as lições da vida pode formar um padrão emocional familiar, ou seja, um único jeito de se lidar com dada situação, que passa de pai para filho.

Então a dor que o ofensor nos promoveu pode estar sendo vivida desde os nossos antepassados da mesma forma. Isto quer dizer que estamos possivelmente ensinando nossos filhos o mesmo padrão de dor, e eles ensinarão aos nossos netos.

Raiva secretamente escondida.
Duas energias são naturais no ser humano o amor e a raiva. A raiva é uma energia canalizada para a produção da forma física na vida. Ela bem canalizada gera o progresso. Mas, mal direcionada, ou voltada contra nós próprios é imensamente cruel e prejudicial. A raiva deve ser reconhecida e liberada e cabe ao nosso poder de escolha decidir qual a melhor forma. O nosso poder de escolha pode, também, ser um padrão herdado de nossos antepassados. Um exemplo: os nossos antepassados tinham o padrão de fugir dos problemas reprimindo a raiva, por outro lado, seus membros estavam sempre envolvidos com ferimentos e pequenos acidentes. Analogamente, o mesmo ramo familiar atual tem o mesmo histórico de saúde.
É difícil reconhecer que podemos estar alimentando uma raiva secreta por um dos nossos genitores, mas podemos ver, por exemplo, a presença do câncer em diversos membros do mesmo grupo familiar.

Então, no momento da ofensa, a maldição de família vem nos convidar a uma importante tomada de decisão: estancar sua trajetória ou dar-lhe continuidade.

Percebemos que muitas estruturas familiares quebram a maldição de família através da religião, filosofia, ou mesmo pela psicoterapia. O que todas essas formas têm em comum?

A organização mental. A deliberação lógica e imparcial. A mente independente. Todas elas oferecem uma estrutura de resolução de problemas, cada uma com suas propriedades, mas com a mesma base: aprender a raciocinar de forma lógica, coerente, imparcial, eliminando definitivamente a crítica e o julgamento de valor.

Apresento um roteiro para exercitar o pensamento independente, ciente de que cada pessoa irá encontrar o seu próprio jeito.

1o. Reconhecer qual sentimento que está visível e focar a atenção ao sentimento que está escondido. É sempre uma crença perniciosa que precisa ser reconhecida e erradicada, pois ela se esconde atrás da dor e da raiva. Como os nossos pais são as primeiras pessoas que conhecemos na vida, é interessante investigar como, quando e onde estes dois sentimentos surgiram na relação com eles. Podemos fazer o seguinte, observar quem nos ofendeu: se homem ou mulher. Se for homem, investigar se a dor e a raiva foram originadas na relação com o nosso pai ou figuras masculinas que nos ajudaram na nossa formação. Se for mulher, investigar nossa relação com a nossa mãe ou figuras femininas. Isto indica a possibilidade de estar ocorrendo projeção ou transferência de sentimentos.
2o. Observar o comportamento do clã familiar diante da mesma questão. Isto permite identificar a presença de possíveis padrões emocionais.
3o. Submeter o nosso jeito de fazer as coisas aos critérios propostos por pela ciência, filosofia e religião, na busca por paradoxos, incoerências, incompatibilidades, inconsistências. Vamos nos dar uma chance em perceber que do nosso jeito as coisas não estão funcionando.
4o. Agora munidos de todas essas informações, vamos para o exercício da mente. Promover elaborações mentais. Uma forma de sabermos se estamos no caminho certo é perceber a intensidade dos sentimentos. Se a forma que estamos utilizando mantém ou aumenta a intensidade da raiva ou a dor, então, estamos no caminho errado, pois está havendo julgamento de valor. Por exemplo: se o nosso clã familiar se identifica com o sofrimento, então, o nosso lado “coitadinho de mim” é quem está fazendo a análise, por conseqüência, a dor sempre aumenta. O caminho certo é a erradicação da dor ou da raiva através da elaboração mental honesta, lógica e imparcial.

O resultado esperado é a erradicação das crenças perniciosas, que vem, de forma invisível, sendo passada de pai para filho. Eliminada a crença, vai-se abrir um novo portal, tanto para nós quanto para as nossas gerações futuras, para o nascimento de um novo jeito de aprender as questões da vida, quebrando em definitivo a maldição de família.
(*)Fonte: “A Doença Como Caminho” - pág.83
Por Silvio Farranha Filho - psicanalista



#quemevoce #oquevocequer #boasreflexoes #autoestima #psicanalise #autoanalise #autodesenvolvimento #autoajuda #projecaodesombra #impressoes  #opinioes  #olhar

Nenhum comentário:

Postar um comentário